Veja as imagens do protesto deste domingo em Brasília
A manifestação teve seu auge por volta das 10h e, ao meio-dia, parte do público começou a deixar o local. No entanto, a manifestação ainda não foi encerrada: uma vigília pelo impeachment da presidente está programada para as 19h. Organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), o ato simbólico pretende convidar os manifestantes para se sentarem em silêncio em frente ao Congresso, com velas e lanternas.
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A manifestação apresentou o menor número de participantes desde que os insatisfeitos com o atual governo começaram a ir às ruas. Nos atos de março e agosto, cerca de 25 mil protestaram contra o governo, de acordo com a polícia. A nova estimativa também é inferior à divulgada pela mesma PM na sexta-feira passada, quando cerca de 4 mil pessoas, segundo os policiais, pediram a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e se manifestaram contra o impeachment de Dilma.
Os trajes dos manifestantes deste domingo foram os tradicionais verde e amarelo. Muitos deles carregavam bonecos do ex-presidente Lula e de Dilma vestidos de presidiários. Caminhando entre as barracas do acampamento anti-governo em frente ao Congresso, militantes cantavam palavras de ordem como “fora, PT” e “nossa bandeira jamais será vermelha”.
Desde sábado (14), o acampamento passou a ter uma divisão física que reflete uma distância ideológica entre os manifestantes. Com a chegada de outros acampados para a manifestação de hoje, o gramado mais próximo ao Congresso é ocupado por representantes do MBL e do Vem pra Rua. Avançando pelo jardim central da Esplanada, instalou-se o acampamento de militantes que pedem a intervenção militar. Eles levaram um boneco inflável do general Antonio Mourão, afastado do Comando Militar do Sul após fazer críticas ao governo.
Do alto do carro elétrico ou no chão, com microfones e caixa de som, os militaristas pediam para que todos se juntassem naquele momento, argumentando que tinham a mesma causa: a saída da presidente. As declarações apontavam para um racha da manifestação. “MBL, você tem que se unir a nós, neste momento somos um só”, gritou um deles.
Apontado como um dos coordenadores do movimento intervencionista, o vendedor Emerson Araújo de Freitas explicou ao Congresso em Foco que, para eles, o militarismo não significa o fim do regime democrático. Segundo ele, a ideia é que a intervenção militar ocorra apenas por nove meses. Tempo, na avaliação dele, suficiente para que as “pautas” do movimento fossem cumpridas. Depois, defende Emerson, seriam convocadas novas eleições.
“A intervenção vem para fazer uma limpa e tirar todos os corruptos, mas depois vem a pauta”, disse ele. A pauta em questão, conta ele, se resume a cinco medidas: voto impresso; legalização do porte de arma; livre comércio; imposto único, e medidas contra corrupção.
Sem se misturar aos intervencionistas, o Movimento Brasil Livre tentou se desvencilhar do grupo militarista. “A gente não pode impedir que eles estejam aqui”, disse o líder do movimento, Kim Kataguiri. “Agimos no campo do discurso, dizemos que somos contra os intervencionistas e temos valores republicanos”, ressaltou.
Ocupando uma das tendas dos intervencionistas, voluntários do Ministério Público Federal (MPF) do Distrito Federal colhiam assinaturas de cidadãos que apoiam dez medidas anti-corrupção sugeridas pelo órgão em projeto de lei de iniciativa popular. A ideia dos voluntários era aproveitar a insatisfação popular manifestada no ato anti-governo para aumentar a aderência ao abaixo-assinado. Segundo eles, até agora cerca de 1,5 milhão de assinaturas já foram recolhidas em todo o país. Entre as medidas encampadas, está a que torna a corrupção crime hediondo.