Quem utiliza a internet para trabalhar no Senado passou por maus bocados em plena sucessão na Mesa Diretora, no último dia 2 – quando foi eleito e tomou posse o novo presidente, José Sarney (PMDB-AP). O suporte técnico de internet oferecido à imprensa, inclusive a órgãos oficiais como a Agência Senado, complicou o registro dos acontecimentos. A Secretaria Especial de Informática do Senado (Prodasen) – que teve em 2008 orçamento de R$ 45.874.162,76, segundo a Consultoria de Orçamento do Senado – não foi capaz de manter o sistema da Alta Casa à altura da demanda, porque um equipamento “pifou” e, desde a semana anterior, já vinha impossibilitando o acesso à internet.
Nada de consulta à grande rede no dia da eleição. E foram duas semanas de “pane” no comitê de imprensa do Senado – e logo quando os jornalistas mais precisaram, com a troca de comando da Mesa e a abertura dos trabalhos legislativos a todo vapor naquela segunda-feira (2). Apenas na quarta-feira (4) o sistema voltou a funcionar – mesmo assim de forma insatisfatória, uma vez que a velocidade da internet estava abaixo do normal. São 15 os computadores postos no comitê à disposição dos profissionais da notícia. Nenhum plugado à internet naquele dia.
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A reportagem apurou que, além da Agência Senado, também gabinetes de senadores, secretarias e departamentos enfrentaram o problema. Diversas reclamações, de lado a lado, foram encaminhadas ao órgão competente. Assim, jornalistas de veículos de comunicação privados tiveram de se virar com equipamentos próprios (laptops, pen-drives, smartphones) – ou, numa situação no mínimo imprópria, e que remete ao passado, enviar seus registros por telefone. O atraso na produção de notícias foi evidente.
Caos instalado e repórteres em vias de desespero, o diretor da Subsecretaria de Infra-Estrutura de Tecnológica do Prodasen, Pedro Enéas Mascarenhas, enviou comunicado “às senhoras e senhores usuários da rede do Senado Federal”, às 16h47 de terça-feira (3), por meio do qual tentou explicar o ocorrido. “A equipe técnica responsável vem envidando todos os esforços para solucionar tal problema com a maior brevidade possível”, tranquilizou Pedro (leia íntegra abaixo).
Pedro Enéas admitiu ao Congresso em Foco que houve uma “falha técnica” do Prodasen: um equipamento que garantiria a segurança no acesso à internet, chamado “cache”, havia pifado – e que outro, com capacidade inferior e “desempenho pior”, fora instalado em seu lugar, de forma que a rede passou a funcionar em regime de “contingência”. Pedro previu que o sistema voltaria ao normal no dia seguinte, terça-feira, o que não aconteceu.
O diretor do Prodasen disse ainda que o tal cache, ao ser restaurado, não poderia voltar a funcionar com carga total, e fez uma ressalva: a rede interna do Senado – a intranet – estava em pleno e normal funcionamento. Pedro concluiu garantindo que a equipe de suporte de informática da secretaria especial iria “virar a noite” de segunda-feira para terça-feira voltada ao solucionamento do impasse técnico.
Tarde demais. Sarney já estava eleito, as matérias (aos trancos e barrancos) produzidas, e os jornalistas, exaustos. Em tempo: esta matéria foi escrita no comitê de imprensa do Senado e, com a internet em "processo de recuperação", quase não foi enviada para publicação. (Fábio Góis)
Leia íntegra do comunicado do Prodasen:
“Sr(a)s usuários da rede do Senado Federal,
Na última sexta-feira, dia 30.01.2009, ocorreu uma falha em um dos equipamentos de acesso à internet. A equipe técnica responsável vem envidando todos os esforços para solucionar tal problema com a maior brevidade possível. Estamos trabalhando em regime de contingência, o que tem causado a redução do desempenho na utilização da internet por meio das estações da rede do Senado Federal. Até amanhã, dia 04.02.2009, esperamos retornar à situação original. De antemão desculpamo-nos por qualquer transtorno causado.
Cordialmente.
Pedro Enéas G. C. Mascarenhas – Diretor da Subsecretaria de Infra-Estrutura Tecnológica – Prodasen”
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