Integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato avaliam ter “elementos concretos” para denunciar o ex-presidente Lula em pelo menos três das seis frentes de investigação contra o petista. De acordo com o jornal O Globo, os investigadores aguardam a remessa definitiva dos documentos contra o ex-presidente para Curitiba para apresentar as denúncias sobre o tríplex do Guarujá, a reforma no sítio de Atibaia e o aluguel de contêineres para o transporte de acervo de Lula, cujos pagamentos são atribuídos OAS.
A defesa de Lula vai recorrer da decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a remessa das investigações contra o petista para o juiz Sérgio Moro. Segundo o Globo, foram enviados para a capital paranaense três petições, três inquéritos e dez ações cautelares. Todos os processos estão sob sigilo. Caberá a Moro também examinar um pedido de prisão do ex-presidente apresentado pelo Ministério Público de São Paulo no começo do ano.
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Lula é suspeito de ter recebido favores da Odebrecht e da OAS na reforma do sítio de Atibaia, de ser proprietário de um tríplex em Guarujá, também construído pela OAS. A empreiteira, segundo os investigadores, pagou R$ 1,2 milhão para Lula guardar seu acervo pessoal depois de deixar o Planalto. A força-tarefa também apura se o Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, do petista, foram usados para o recebimento de vantagens indevidas de empreiteiras contratadas pela Petrobras.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ainda ao Supremo a abertura de inquérito contra o ex-presidente para apurar a suspeita de que ele tinha “posição dominante” no chamado petrolão, nome pelo qual ficou conhecido o bilionário esquema de desvio de recursos criado na Petrobras. Conforme revelou o Congresso em Foco, a declaração está no pedido de investigação contra Lula, a presidente afastada Dilma Rousseff e os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Francisco Falcão e Marcelo Navarro. Neste caso, a suspeita também é de obstrução às investigações da Lava Jato.
As apurações contra Lula estão paralisadas desde 28 de março, quando as ações foram enviadas por Moro ao Supremo. A remessa ocorreu no mesmo dia em que o ex-presidente foi nomeado ministro da Casa Civil e foi divulgado o áudio em que a presidente diz que está lhe enviando o termo de posse para utilizá-lo “em caso de necessidade”. Os áudios foram anulados por Teori. O ex-presidente nega todas as acusações e diz que é vítima de perseguição. “Lula não praticou qualquer ato ilegal antes, durante ou após o exercício do cargo de presidente da República, muito menos teve qualquer participação em uma organização criminosa”, disse ao Congresso em Foco o advogado Cristiano Zanin Martins.