O procurador da República Sidney Pessoa Madruga pediu exoneração do cargo que ocuparia na equipe da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A decisão ocorre horas após a publicação de reportagem da Folha de S.Paulo que relatou uma conversa entre ele e uma mulher, em um restaurante em Brasília, sobre uma possível investigação de Eduardo Pelella, ex-chefe de gabinete de Rodrigo Janot.
Madruga deixou o posto de coordenador do Grupo Executivo Nacional da Função Eleitoral (Genafe). Essa é a primeira baixa na equipe de Raquel. Nesta tarde, a Folha informou que a interlocutora do procurador no almoço era a advogada Fernanda Tórtima, que atuou no acordo de colaboração premiada da J&F. De acordo com o jornal, Fernanda e Madruga não quiseram se manifestar sobre o assunto.
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Na conversa, presenciada pela repórter Bela Megale, da Folha, o procurador afirmou à advogada que a “tendência” da PGR era investigar o ex-chefe de gabinete de Janot, adversário de Raquel.
Pelella é mencionado em diálogos de delatores da JBS como um interlocutor da PGR. O então chefe de gabinete de Janot teve reunião com um deles, o advogado Francisco Assis e Silva, dias antes do encontro, em 7 de março, entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer no Jaburu. Janot e seu ex-assessor negam qualquer irregularidade.
“Não é para punir, é pra esclarecer”, disse Madruga na conversa. O procurador afirmou que é preciso entender “qual é o papel do Pelella nessa história toda, porque está todo mundo perguntando”. Ainda no diálogo, segundo o relato da Folha, o procurador afirma que a nova gestão da PGR precisa construir outra relação com a força-tarefa dos procuradores da Lava Jato em Curitiba, com mais interlocução e controle do que a anterior. Na avaliação dele, o ex-procurador-geral deixou a força-tarefa muito solta.