O Conselho de Ética da Câmara abriu há pouco processo contra o deputado Paulinho da Força (PDT-SP). O relator escolhido pelo colegiado é o deputado Paulo Piau (PMDB-MG), que terá até 90 dias para apresentar o parecer final com a sugestão de cassação, ou não, do mandato de Paulinho.
O pedetista, suspeito de participar de um esquema para fraudar empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), terá um prazo de até cinco sessões ordinárias para apresentar a defesa.
Segundo Piau, a expectativa é de começar o interrogatório dos envolvidos no esquema a partir da próxima semana. “Face à expectativa do país, na minha avaliação como relator, acho que devemos começar na próxima terça-feira (10) a ouvir, quem sabe, o próprio deputado Paulo Pereira”, defendeu.
Além de Paulinho, deve ser ouvida Elza Pereira, mulher do parlamentar e presidente da ONG Meu Guri. Ela é acusada de ter recebido R$ 37,5 mil do esquema.
“As denúncias são graves sem dúvida nenhuma, mas cabe a este Conselho ter as provas para que os conselheiros avaliem e para que possamos emitir o parecer”, destacou Piau.
Leia também
Antes da eleição do relator, o presidente do Conselho de Ética, Sérgio Moraes (PTB-RS), se queixou da imprensa e do fato de o corregedor-geral da Casa, Inocêncio Oliveira (PR-PE), ter entrado com uma representação contra ele em razão do atraso na abertura do processo.
“Tentaram vender que eu estava protegendo o Paulinho. Nunca falei com o Paulinho. Não conheço o Paulinho”, afirmou.
“O corregedor cometeu uma segunda injustiça ao dizer que imediatamente era imediatamente. Mas temos caso de até 48 dias [para instalação do processo no Conselho], que não foi instaurado e o corregedor não se manifestou”, reclamou o parlamentar, para em seguida dizer que irá entrar com uma representação, amanhã (4), contra Inocêncio sob a alegação de abuso de poder por parte do corregedor.
Santa Tereza
O processo contra Paulinho é resultado da Operação Santa Tereza, iniciada em dezembro de 2007 pela Polícia Federal e que tinha por objetivo apurar denúncias de exploração de prostituição e tráfico de pessoas. Ao longo das investigações, a PF interceptou, no entanto, ligações de integrantes do grupo que negociavam a cobrança de uma porcentagem sobre o valor liberado pelo BNDES para a realização de financiamentos.
Segundo a PF, o prefeito de Praia Grande (SP), Alberto Mourão (PSDB), repassou R$ 2,6 milhões à quadrilha em troca da aprovação de financiamento de R$ 124 milhões. Além dele, o ex-conselheiro do banco estatal Ricardo Tosto, acusado pela Polícia Federal de participar do esquema, e o vice-presidente estadual do PDT, José Gaspar Ferraz de Campo, devem ser ouvidos no Conselho de Ética da Câmara. (Erich Decat)
LEIA TAMBÉM
Paulinho nega renúncia e vai enfrentar Conselho
Matéria publicada no dia 03/06/2008. Última atualização às 15h29 do dia 05/06/2008