Deflagrada ontem (quarta, 26), a segunda fase da Operação Integração, desdobramento da Operação Lava Jato, apura esquema de corrupção nos contratos de pedágio no Paraná durante a gestão do governador Beto Richa (PSDB). Um dos presos na operação foi Luiz Fernando Wolff Carvalho, proprietário da Triunfo Participações. Luiz Fernando é primo em segundo grau de Rosângela Wolff Moro, esposa de Sérgio Moro, e causou constrangimento ao juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba: o juiz abriu mão do processo, como o Congresso em Foco revelou em junho, alegando excesso de trabalho e porque o caso não teria ligação direta com a Petrobras, cujo esquema de corrupção é o objeto central das investigações do petrolão.
Procurado pela reportagem, o juiz Sérgio Moro disse que desconhece parentesco com Luiz Fernando. “Se tiver parentesco, é muito distante, por parte de bisavô”, declarou o juiz Congresso em Foco.
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Moro disse ainda que nem ele, nem a mulher conhecem o empresário.
Parentesco
A relação de parentesco entre Rosângela e Luiz foi levantada pelo professor Ricardo Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que pesquisa a genealogia da elite paranaense para detectar conexões. Ele conta que Rosângela e Luiz Fernando têm os mesmos bisavôs: Bernardo Wolff e Silvina do Amaral Wolff.
Além disso, Rosangela e Luiz Fernando são primos distantes de Beto Richa e Rafael Greca de Macedo, atual prefeito de Curitiba. “Todos descendem de Manoel Ribeiro de Macedo, um potentado do início do século 19”, informou o professor da UFPR ao Congresso em Foco.
PublicidadeMoro não estava impedido de julgar o caso, pois o Código do Processo Penal (CPC) proíbe apenas a atuação de magistrados em casos com partes que têm até três graus de parentesco de si ou do cônjuge. Nesse caso, o parentesco com a esposa de Moro é mais próximo que isso.
Especialistas consultados pela reportagem dizem acreditar que ele deveria se declarar suspeito. O CPC diz também que há suspeição quando o juiz tem algum tipo de proximidade com alguma das partes do processo.
Operação
O foco nesta fase da Lava Jato são envolvidos em esquema de corrupção na concessão de rodovias federais do Paraná.
Segundo os investigadores, o empresário Luiz Abi Antoun, primo do ex-governador paranaense Beto Richa, que está no exterior, era o responsável pelo repasse de parte da propina a Richa. O esquema foi denunciado pelo ex-diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER) Nelson Leal Júnior, em delação premiada.
Leal Júnior foi preso em fevereiro deste ano na primeira fase da Operação Integração, que focou em contratos da concessionária Econorte com o DER-PR, e firmou acordo de colaboração com a Justiça. Na delação, o ex-diretor do DER contou ter se encontrado com Richa em 2014 para tratar de reclamações de que o operador financeiro não estaria repassando os valores para Abi.
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