Fábio Góis
Com o escândalo do mensalão do Arruda (leia tudo sobre o “Panetonegate”) ainda longe do fim (leia mais), a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nesta quinta-feira (1º) cinco suspeitos de desviar R$ 2 milhões de verbas repassadas ao Ministério dos Esportes. João Dias Ferreira, Demis Demétrio Dias de Abreu, Flávio Lima Carmo, Miguel Santos Souza e Eduardo Pereira Tomaz foram detidos às 6h da manhã na operação denominada Shaolin, com participação do Ministério Público, e estão à disposição da Justiça na Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco), em Brasília.
Os cinco suspeitos são investigados pelo desvio em um convênio no valor total de R$ 2,9 milhões celebrado entre o ministério e duas ONGs dirigidas pelo policial militar João Dias Ferreira: a Federação Brasiliense e a Associação João Dias de Kung Fu. Ambas foram contempladas pelo Programa Segundo Tempo, idealizado para envolver crianças carentes com o esporte durante o período extraclasse.
Até 2006, o Ministério dos Esportes era comandado por Agnelo Queiroz (filiado ao PCdoB à época), pré-candidato do PT ao governo do Distrito Federal. Naquele ano, João Dias disputou uma vaga de deputado distrital pelo PCdoB. Um dos delegados responsáveis pela investigação, Giancarlos Zuliani, admite a hipótese de que o esquema de desvio de recursos tenha sido usado em financiamento de campanha eleitoral. A Polícia Civil nega, porém, que a deflagração da operação, em pleno feriado, não tem relação com a candidatura de Agnelo.
Segundo a Polícia Civil, uma frente de investigação descobriu indícios enfáticos sobre a formação de uma rede de ONGs com o intuito de desviar recursos, via convênio, do governo federal. A maioria das organizações tem vínculos com partidos políticos. As informações sobre a eventual facilitação partidária estão protegidas por sigilo judicial.
O Ministério Público já solicitou a indisponibilidade dos bens de três dos suspeitos de envolvimento com o esquema: João Dias, sua esposa e Flávio Carmo.
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