Reportagem publicada nesta segunda-feira (18) pelo jornal O Estado de S. Paulo diz que o advogado Gedimar Passos deu, em depoimento à Polícia Federal (PF) de São Paulo, o nome da pessoa do PT que teria sido a responsável pela operação de compra do dossiê contra os candidatos do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, e à Presidência, Geraldo Alckmin, e o ex-ministro da Saúde, Barjas Negri.
Segundo matéria assinada pelos repórteres Sônia Filgueiras, Vannildo Mendes e Ana Paulo Scinocca, Gedimar declarou que foi a mando de um homem chamado "Froude" ou "Freud" que recebeu a missão de pagar R$ 1,75 milhão por documentos e informações sobre o suposto envolvimento dos políticos no esquema de venda de ambulâncias superfaturadas.
De acordo com o advogado, preso desde sexta-feira (15), o mandante da operação seria dono de uma empresa de segurança "no (eixo) Rio de Janeiro/SP". Ele também afirmou que não sabe dizer se essa pessoa tem influência no PT, mas a polícia já trabalha na identificação do responsável.
"Há pistas que apontam para Freud Godoy, atual assessor do Gabinete da Presidência e ex-coordenador de segurança das quatro campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência. É uma espécie de fiel escudeiro do presidente desde a década de 80. Segundo informações de funcionários do Diretório Nacional do PT de São Paulo, Freud é sócio de uma empresa de segurança que presta serviços ao partido. Ele foi procurado, mas não foi localizado ontem pelo Estado", diz a reportagem.
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Próximo ao presidente, Freud trabalhou como seu segurança na campanha presidencial de 2002. Antes disso já atuava como segurança para Lula, de quem era amigo em seus tempos de sindicalista. Ele cuida, atualmente, da segurança da primeira-dama, Marisa Letícia.
Gedimar e o empresário Valdebran Padilha, filiado ao PT, foram presos na sexta em São Paulo com R$ 1,75 milhão, em notas de real e dólar. Eles estavam em um hotel da zona sul e tinham agendado encontro com Luiz Antônio Vedoin e o tio dele, Paulo Roberto Trevisan, que teriam dossiê supostamente capaz de relacionar Serra e Alckmin com a venda superfaturada de ambulâncias para prefeituras. Vedoin é dono da Planam, empresa que vendia os veículos e era o pivô do chamado esquema dos sanguessugas.
Os dois deveriam verificar a autenticidade do material. Num depoimento prestado anteontem, eles contaram que o dinheiro para adquirir o dossiê veio de um representante do PT de São Paulo. Gedimar também descreve os dois emissários do PT que teriam entregado o dinheiro destinado ao pagamento pelo dossiê. Segundo o advogado, o primeiro R$ 1 milhão ele recebeu de um desconhecido no estacionamento do hotel onde estava hospedado na véspera de ser preso. O restante, de uma pessoa que se identificou como "André".
O pacote também incluiria uma entrevista comprometedora dos Vedoin a um grande veículo de imprensa de circulação nacional. A reportagem com o dossiê envolvendo Serra e Negri foi publicada pela IstoÉ desta semana. A revista nega envolvimento.