O diretor-presidente licenciado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso nesta terça-feira (28) pela Polícia Federal, recebeu R$ 4,5 milhões em propinas de empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, de acordo com o Ministério Público Federal. Segundo os investigadores, os pagamentos foram feitos pelo consócio vencedor da licitação para execução de montagem da usina Angra 3, no Rio de Janeiro. A PF investiga as suspeitas de formação de cartel, pagamento de propina para agentes públicos e superfaturamento das obras.
Durante entrevista coletiva realizada após a deflagração da 16ª fase da operação, o procurador Athayde Ribeiro Costa informou à imprensa que o consórcio era formado pelas empreiteiras Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão. Os procuradores sustentam que as empresas repassaram os recursos indevidos ao diretor-presidente até novembro do ano passado, nove meses depois de a força-tarefa ter desarticulado o esquema de corrupção na Petrobras.
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“Há indícios de pagamento de propina por parte da Andrade Gutierrez em contratos desde 2009 para uma empresa de propriedade de Othon Luiz. Os elementos indicam que Othon Luiz recebeu R$ 4,5 milhões”, disse o procurador.
“A corrupção no Brasil é endêmica e está espalhada por vários órgãos, em metástase”, acrescentou Athayde, comparando a corrupção ao momento em que o câncer se espalha por vários órgãos do corpo.
A 16ª fase da Lava Jato, batizada de Radioatividade, foi desencadeada a partir do depoimento do executivo da Camargo Corrêa Dalton Avancini, que assinou acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Na delação, ele revelou a existência de um cartel nas contratações de obras da usina nuclear e chegou a citar o diretor-presidente da Eletronuclear como beneficiário de propinas.
Na ocasião, Othon negou ter participado ou conhecimento de qualquer irregularidade. Em nota, à época, ele afirmou que jamais recebeu propina e que vive de sua aposentadoria como vice-almirante da Marinha e de seus vencimentos como presidente da Eletronuclear. “A palavra do colaborador não leva a prisão, mesmo que temporária. Fizemos o nosso trabalho e levantamos as confirmações”, explicou o procurador.
PublicidadeAlém de Othon, a Polícia Federal também prendeu o executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra. Os presos serão levados hoje para Curitiba, onde se concentram os processos da Lava Jato. De acordo com a PF, a previsão é que os dois cheguem à capital paranaense por volta das 20h e já prestem depoimento amanhã (29).
Com informações da Agência Brasil