As fitas, segundo Batista, revelam uma negociação entre a empresa Conceito Consultoria, de São Paulo, e o PSB para viabilizar, junto a Petrobras, a construção de uma pista de kart no gelo no GP Brasil de Fórmula 1, no próximo mês. O projeto, orçado em R$ 4,5 milhões, seria superfaturado para R$ 5,5 milhões. A função do partido seria, em troca de propina, assegurar o financiamento da estatal para o empreendimento. Milton Coelho deixou o cargo no sábado (23).

O ex-militante, que representa a empresa, disse que o projeto não despertou o interesse dos dirigentes da Petrobras inicialmente. Orientado a buscar apoio político, Batista recorreu ao PSB pernambucano em julho, por um amigo ligado à sigla. Após os primeiros contatos, ele resolveu gravar as conversas ao notar que os integrantes da cúpula do partido queriam propina em troca da ajuda. O dinheiro seria usado na campanha.

Numa das conversas, Simone Coelho, esposa de Milton, teria pedido R$ 1 milhão para intervir junto à Petrobras. Metade do valor teria de ser pago adiantado – R$ 350 mil como contribuição legal à campanha do marido e R$ 150 mil por fora, sem recibo, em espécie. Os outros R$ 500 mil seriam pagos depois da aprovação do projeto.

No dia 13 de setembro, na única conversa que teve com Batista, Milton Coelho diz como seria feito o pagamento dos R$ 150 mil em espécie. "A gente vai fazer assim: você leva uma sacolinha e eu levo uma sacolinha. Aí a gente senta, toma um café, demoramos 10, 15 minutos e na hora de ir embora eu pego a sua sacolinha e você pega a minha."