Parlamentares agraciados na cerimônia do Prêmio Congresso em Foco 2007, que aconteceu na noite de segunda-feira (26), fizeram questão de agradecer o reconhecimento. Mas foram além do óbvio. Lembraram da importância do Legislativo e da responsabilidade que têm para manter o Congresso em sintonia com as necessidades da população e para combater os escândalos que arranham a imagem da administração. Nos corredores, comentavam que o Parlamento vive um final de ano sem votações importantes, além da CPMF e do orçamento
O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), foi um dos mais enfáticos. O petista lembrou que a premiação põe os deputados e senadores sob os olhos da população numa ótica quase que judicial. “Ele [o prêmio] tem a dimensão de nos colocar sob julgamento e nós queremos estar em um julgamento”, declarou. Chinaglia foi o único parlamentar a receber o Prêmio Congresso em Foco 2007 duas vezes: como um dos melhores congressistas do ano e um dos mais assíduos.
"Nós, parlamentares, temos de ver em que medida estamos realizando a contento o seu trabalho", afirmou. “Por trás do nosso trabalho têm os milhões e milhões de brasileiros que têm a sua voz representada.”
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lembrou que, infelizmente, a imagem dos congressistas perante o povo não é boa. Seria a de uma “seleção de malandros” que se protegem. “Nós sabemos que é necessário separar o joio do trigo”. Para o senador, a instituição não pode ser condenada em razão de “alguns que não honram o compromisso assumido com a nação”.
Cristovam Buarque (PDT-DF), considerado o melhor senador entre os internautas, atribuiu o prêmio à defesa da educação, seu "discurso de uma nota só”, como ele mesmo o qualifica. Para ele, a grande importância do Prêmio Congresso em Foco é “divulgar a idéia de que existe deputado e senador melhor, pois a sociedade está acostumada a sempre pensar no pior.”
O melhor deputado na visão dos internautas, José Carlos Aleluia (DEM-BA), destacou a importância da internet na vida nacional. “Esse tipo de iniciativa é uma indicação para que os políticos se preocupem mais em navegar nessa nova rede”, avaliou o baiano. Ao mesmo tempo, destacou que a votação demonstra a esperança dos brasileiros nos parlamentares. “Isso mostra que há muita esperança, que as pessoas querem confiar no Congresso. Eu fiquei surpreso com o número de pessoas que votaram. O prêmio vai para um lugar de destaque na minha sala de trabalho.”
CPMF e orçamento
Entre uma mesa e outra os comentários alternavam entre a premiação e a qualidade dos músicos do Choro Livre. Era um clima de descontração em todos os sentidos. Mas alguns parlamentares se mostraram um pouco tristes com a monotonia temática do Congresso.
Na visão deles, só há espaço para se discutir uma matéria: a renovação da CPMF, o imposto do cheque que arrecada R$ 40 bilhões ao ano. “Não adianta a Câmara mandar a MP das Armas para o Senado, porque vai ficar lá parada”, dizia um deputado, que havia discutido o mesmo assunto com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia. Hoje (27), os deputados tentam uma agenda para destravar a pauta, entupida de MPs.
Um senador governista também admite o samba-de-uma-nota-só executado pelo Parlamento. “Nesse fim de ano, não tem espaço para mais nada, além da CPMF. Só orçamento”, contou ele. (Camilla Shinoda, Erich Decat, Edson Sardinha e Eduardo Militão)
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