Camilla Shinoda
Está bem longe daqueles shows de marketing que estamos acostumados a ver durantes as campanhas eleitorais, mas a maior parte dos 41 parlamentares pré-selecionados pelos jornalistas fez ou faz algum tipo de divulgação da sua participação na segunda fase de votação do Prêmio Congresso em Foco, a cargo dos internautas. Essa votação, que termina amanhã (domingo, 18), definirá a colocação final dos melhores congressistas de 2007, que receberão o prêmio no próximo dia 26, a partir das 20h, no restaurante Porcão, em Brasília.
Os 25 deputados e 16 senadores no páreo estão se utilizando de seus sites pessoais, mailings e da velha campanha boca a boca para conseguirem se destacar aos olhos dos internautas. Muitos enviaram boletins eletrônicos aos eleitores pedindo votos. E alguns chegaram a produzir impressos para estimular seus eleitores a participarem da votação. Todos esses expedientes são permitidos pelas regras do prêmio, que não impede a realização de campanhas por parte dos parlamentares.
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Bruno Estrela Godinho, assessor de imprensa do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), o mais votado no Senado (confira os resultados parciais), explica: “Enviamos e-mail com o link para a página de votação para toda a nossa lista, falando sobre a participação do senador. Nas palestras que ele faz, também coletamos e-mails dos participantes. Mas isso foi só no início porque o senador pediu para que não fizéssemos campanha”, afirma ele.
Cristovam Buarque, por sua vez, pensa que sua boa colocação se deve ao tema que foi defendido durante a campanha presidencial de 2006. “Acho que esse retorno é conseqüência da minha campanha para a Presidência da Republica na última eleição, quando defendi uma bandeira nacional da educação. Acredito que boa parte dos votos seja desse exército educacionista”, declara.
Importância da internet
O primeiro lugar na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), ressalta a importância da internet para propagar sua inclusão entre os 41 parlamentares pré-selecionados por 188 jornalistas que cobrem o Congresso. “Eu não faço campanha, apenas divulguei o prêmio no meu site. Existe uma rede de pessoas que acompanham meu trabalho. Meu site é bem acessado. E como o prêmio ocorre na internet também, isso acaba me favorecendo”, explica.
“Eu atribuo minha boa posição no ranking ao meu trabalho intenso no Congresso e a essa boa interação com o público que tenho na internet”, completa Aleluia. José Tomás, o assessor de imprensa do deputado, ainda lembra que as próprias pessoas que simpatizam com o deputado acabam fazendo campanha boca a boca.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), quinto lugar na Câmara, também concorda que o papel da internet é fundamental no prêmio e na avaliação política que o público faz. “Independente do resultado, esse prêmio mostrou dois fatos importantes: as pessoas estão acompanhando mais a atividade política e estão mais críticas. A internet, apesar de ainda não ser um instrumento popular, proporciona essa mudança de atitude. Acho que essa rapidez da informação e o meu trabalho em CPIs são o motivo da minha boa colocação”, comenta.
Fruet ainda aponta que tem participado de várias palestras e que em todos esses eventos, ao apresentarem seu nome, sempre falavam da participação dele no Prêmio Congresso em Foco 2007.
Fazer ou não campanha
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) é contra fazer campanha para o Prêmio Congresso em Foco. “Não estou fazendo nenhum tipo de campanha. Não acho razoável, pois isso não expressa a realidade. Se não, qualquer deputado obscuro pode conseguir boa votação. Se bem que talvez seja bom, faz parte do processo”, disse.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também faz parte do time dos que optam por uma menção discreta ao prêmio. “Divulguei no meu site quando fui escolhido em primeiro lugar pelos jornalistas para participar do prêmio. Mas, campanha mesmo não tenho feito. Deixo a divulgação para vocês”, diz. A assessora de imprensa de Suplicy, Rosa Wasen, conta que se limitou a enviar um mailing para a imprensa na primeira fase do prêmio, quando saiu a lista formada com o voto dos jornalistas (veja a lista).
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), segundo mais votado no Senado, é um deles, como comenta seu assessor de imprensa Joaquim São Pedro. “O senador não está fazendo campanha, está deixando as coisas correrem naturalmente. A gente entende que a votação tem que ser espontânea. Qualquer mérito que ele venha a ter, deve ser natural”.
Casagrande reforça o que seu assessor diz. “Informamos sobre o prêmio no mailing, para quem quiser poder participar. Mas não pedimos nenhum apoio direto”, afirma. O congressista acredita que sua boa colocação se deve ao seu trabalho anterior como deputado federal, à atuação como senador em 2007, à relatoria do processo contra Renan e à sua “busca pela coerência” neste mandato.
Casagrande ainda destaca a importância da iniciativa. “Pela credibilidade do Congresso em Foco, sei que o trabalho que estamos desenvolvendo está no caminho certo. Isso me dá força, mas também me dá mais responsabilidade”, afirma.
Não custa, porém, deixar registrado: o prêmio não proíbe a realização de campanhas. Conduzidas com respeito às regras, acreditamos, elas podem valorizar o esforço que é a razão de ser do prêmio: envolver mais os cidadãos na discussão sobre o trabalho desenvolvido pelos representantes eleitos, na esperança de melhorar a qualidade dos políticos.
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