Além de mobilizar a sociedade civil em mutirões de socorro às vítimas de enchentes e alagamentos, a tragédia em curso em Santa Catarina sensibilizou a classe política no estado. Prefeitos dos municípios mais atingidos, recém-eleitos ou reeleitos em outubro, redefiniram as prioridades de seus mandatos, e agora passam a ter como principal desafio a reconstrução das cidades. O cumprimento dos compromissos de campanha terá de ser adiado – nesse caso, sem que os eleitores reclamem.
Blumenau, Camboriú, Ilhota, Itajaí e Gaspar são alguns dos municípios cujas prefeituras terão como prioridade o trabalho de recuperação e reconstrução da estrutura urbana. Alguns prefeitos prevêem que a empreitada pode levar até dois anos.
"Vamos precisar de um ano e meio ou dois anos de trabalho para recuperar toda a cidade”, avaliou o prefeito reeleito de Blumenau, João Paulo Kleinübing (DEM), segundo matéria do portal G1. “Levantamento preliminar mostra que 12 pontes e passarelas foram severamente comprometidas. A gente ainda nem conseguiu contabilizar o número de ruas que foram destruídas e vão precisar ser pavimentadas."
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Em Itajaí, o maior desafio será a reconstrução da força-motriz econômica local, o porto da cidade. Segundo o prefeito Jandir Belini (PP), deputado estadual licenciado, o futuro do município depende do êxito do trabalho. "Tínhamos projeto de modernização, para tornar o porto mais competitivo. Agora temos que trabalhar para voltar ao que tínhamos. O porto é muito importante para a nossa economia, representa de 60% a 70%", destaca, acrescentando que recursos federais e estaduais são esperados para a cidade, como retribuição por tudo o que o foi gerado por lá.
Com 70 mil habitantes, Camboriú deve interromper o trabalho de continuidade ensejado pelo atual prefeito, Edson Olegário, e encampada pela próxima gestão municipal. “Ninguém imaginava uma situação dessas. Estávamos com a cidade linda. Minha proposta era dar continuidade ao trabalho iniciado nessa gestão, tanto que fui eleita com 64% dos votos. Nunca se elegeu uma mulher em 124 anos”, lamentou a prefeita eleita, Luzia Coppi Mathias (PSDB), aliada de Edson.
Ajuda
As mais recentes avaliações oficiais dão conta de 109 mortos e 78 mil desabrigados – ambos os números podem aumentar, uma vez que são grandes a quantidade de desaparecidos e as localidades de difícil acesso.
Uma verdadeira força-tarefa nacional está montada para socorrer as vítimas do mal tempo em Santa Catarina. Órgãos como Defesa Civil e Cruz Vermelha trabalham 24 horas por dia em estados como São Paulo. Diversos postos de recebimento de doações estão a postos em todo o país. Polícias Rodoviária, Militar e Civil, além do Corpo de Bombeiros e das secretarias de Estado de Desenvolvimento Regional no estado, estão mobilizadas na coleta e distribuição de doações, bem como nos trabalhos de atenção às vítimas.
Quem puder e quiser ajudar com dinheiro – que será revertido para a compra de mantimentos e material para os desabrigados – tem à disposição para depósito as seguintes contas bancárias: Banco do Brasil, agência: 3582-3, conta corrente 80.000-7; Banco do Estado de Santa Catarina, agência: 068-0, conta corrente 80.000-0; Caixa Econômica Federal, agência 1877, operação 006, conta 80.000-8; Bradesco, agência 0348-4, conta corrente 160.000-1. O beneficiário das doações é o Fundo Estadual da Defesa Civil (pessoa jurídica), cujo CNPJ é 04.426.883/0001-57. (Fábio Góis)