Sair do Distrito Federal para abastecer os veículos em Goiás foi uma realidade na vida dos brasilienses durante muito tempo. Comparado aos vizinhos goianos, a diferença do valor cobrado pelo combustível chegava a R$ 0,50. Os preços começaram a cair no final do ano passado, após a deflagração da Operação Dubai, da Polícia Federal, que desmontou o cartel no setor de distribuição e revenda de combustíveis no Distrito Federal e no Entorno do DF.
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O DF, que até então figurava sempre entre as cinco unidades da federação com os maiores preços da gasolina, atualmente está em sétimo lugar. Com uma rápida pesquisa, porém, o consumidor pode encontrar preços mais baixos do que os praticados nos estados que apresentam valores mais baratos. No centro de Brasília, por exemplo, é possível encontrar postos que vendem gasolina por R$ 3,25 – preço menor do que os R$ 3,47 cobrado no Tocantins, estado com a média mais baixa, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Grande parte da queda nos preços se deve à intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na rede Cascol – que domina 30% do mercado do Distrito Federal. O Cade ainda investiga a possível formação de cartel, o que justificaria a combinação de preços entre os comerciantes e a cobrança de valores iguais em todos os postos. Na última semana, a intervenção foi prorrogada por mais seis meses.
Concorrência
A livre concorrência nos postos de gasolina foi uma novidade até para os funcionários. O gerente de um posto diz, orgulhoso, que vende a gasolina mais barata da capital: R$ 3,23. Arlon Silva acredita que terá condições de manter o preço até o final deste mês. O preço no posto onde Arlon trabalha é o mesmo há mais de 40 dias e deverá ser mantido até o final deste mês. Ele acredita que isso não é resultado da intervenção do Cade na Cascol e que se trata apenas da concorrência. Na fila, um taxista contabilizava seus ganhos e lembra-se de que já pagou R$ 3,93 pelo litro de gasolina, no último mês de maio.
O gerente de pista do Posto da Torre, Rogério Pereira Frony, enxerga nos valores diferenciados uma “guerra de preços”. Vendendo o litro do combustível a R$ 3,559, ele fala com orgulho de ser o estabelecimento que mais comercializa combustível no DF: 100 mil litros por dia.
Um gerente que não quis ser identificado, porém, atribuiu os preços diferenciados à intervenção do Cade na rede Cascol. De acordo com ele, não haveria como “ir contra uma rede que tem tantos postos”, podendo, então, ditar os valores para os concorrentes. O mesmo taxista ouvido pela reportagem disse que já viu o litro sendo vendido a R$ 3,65 na Estrutural esta semana.
Num posto da Asa Sul da rede Cascol – vazio por causa do preço do litro de gasolina a R$ 3,44 – um funcionário lembrou dos valores iguais em todas as bombas do DF. “Alguém tinha um dedo muito forte no meio”, disse. “Da Asa Sul até a Asa Norte, o preço era o mesmo. Não tinha competição”, acrescentou. O mesmo funcionário contou que em Santa Maria paga-se R$ 3,59 pelo litro. Ele não sabe explicar por que na mesma rede cobra-se valores diferenciados.
Diferença no bolso
“Já vi até R$ 3,67, indo para o Paranoá”, afirmou a arquiteta Caroline Brito. Ela estava na Asa Norte, “aproveitando” valor menor depois de fazer uma pesquisa. No mesmo estabelecimento estava o estudante de medicina Rafael Vilela, contando que perto do hospital onde trabalha em Sobradinho, o litro custa R$ 3,69. Tanto ele quanto Caroline estavam pagando R$ 3,259 na Asa Norte.
Acostumado com as estradas, o motorista Sinval Pereira foi pego de surpresa com o baixo preço do combustível em terras brasilienses. “Fazia muito tempo que a gente não esperava chegar em Brasília para abastecer. Muita gente foi pega de surpresa, inclusive eu”, afirmou.
Com informações do Brasília Capital
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