A crise no Ministério dos Transportes, cuja “faxina” já resultou em quase 30 demissões na pasta e em estatais subordinadas, continua a causar danos ao governo Dilma Rousseff. Hoje (quarta, 3), o líder do PR no Senado, Magno Malta (ES), anunciou que o partido está fora do bloco de apoio, que passa a reunir cinco partidos na Casa (PT-PDT-PSB-PCdoB-PRB). Na decisão (confira abaixo a íntegra do ofício nº 56/2011), lida em plenário pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), o PR alega a opção pela “livre manifestação de apoio” ao governo, baseada nas próprias diretrizes programáticas.
No entanto, o partido ainda se mantém na base do governo no Senado, como disse o próprio Magno logo após o anúncio em plenário. Ele garantiu não guardar mágoa em relação à postura da presidenta Dilma de não poupar membros do PR suspeitos de corrupção naquela pasta ou em empresas a ela vinculadas – depois das denúncias, caíram o ministro Alfredo Nascimento, senador pelo Amazonas, e o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Luiz Antonio Pagot, ambos do PR.
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“Magoado nada, feliz da vida. Eu continuo defendendo o governo de uma mulher em quem acreditei, por quem fui gritar por ela no segundo turno. A primeira mulher presidente, ajudou o Lula a governar este país. Está vivendo um momento difícil, mas eu continuo acreditando nela”, declarou Magno, ressaltando que a decisão não representa retirada de apoio ao governo Dilma.
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“Quando você faz parte de um bloco, ele passa a ter um líder. Você [líder partidário] é como se fosse a rainha da Inglaterra dentro do bloco. Quem é ouvido é o líder do bloco”, disse, em referência a Humberto Costa (PE), líder do PT e do agrupamento partidário, a quem cabe a prerrogativa de “sentar à mesa e discutir com a presidenta”.
“Só que nós somos sete. Então, resolvemos ser liderados por nós mesmos. Queremos agora discutir, sentar à mesa, queremos ouvir e sermos ouvidos, com todo respeito ao Humberto Costa. Ele, a partir de agora, não nos lidera mais”, declarou o parlamentar capixaba, para quem “não houve quebra de confiança” entre o partido e o Palácio do Planalto. “O apoio correto a um governo é um apoio crítico. Há uma decisão dos sete [membros do PR no Senado].”
Assim, o bloco liderado pelo PT não é mais o maior do Senado, e passa a ter 24 senadores com a saída dos seis senadores do PR – Antonio Russo (MS); Blairo Maggi (MT); Clésio Andrade (MG); Magno Malta (ES); Vicentinho Alves (TO); e Alfredo Nascimento (AM). O partido ainda tem um sétimo componente, João Ribeito (TO), mas ele está licenciado e tem a vaga ocupada pelo tucano Ataídes Oliveira (TO). O bloco encabeçado pelo PMDB (PP-PSC-PMN-PV) conta com 28 parlamentares.
O rompimento, no entanto, não deve se repetir na Câmara. Segundo o líder do PR, deputado Lincoln Portela (MG), a bancada do partido no Senado tomou uma decisão restrita apenas ao contexto naquela Casa. Na Câmara, o PR e seus 40 deputados compõem um agrupamento partidário com mais sete siglas (PRB, PTdoB, PRTB, PRP, PHS, PTC e PSL).
Leia o comunicado do PR:
“O Partido da República, cônscio de suas responsabilidades com o Governo da Senhora Presidenta Dilma Rousseff, com o qual empenhou seu apoio, reitera essa posição enquanto agremiação partidária nesta Casa.
Entretanto, conforme entendimento de sua bancada no Senado Federal, resolve desligar-se do Bloco de Apoio ao Governo, integrado pelo PT e outras siglas, para prosseguir em sua livre manifestação de apoio ao Governo Federal, exercendo o seu direito de fazê-lo firmado em suas próprias diretrizes e conforme suas convicções e decisões programáticas.
Dessa forma, consoante as normas regimentais, comunico a V. Exª essa decisão para que se produza os devidos efeitos.”