Cristovam tem se reunido com frequência quase diária com a cúpula do PPS para tratar do assunto. O parlamentar já até enviou uma carta à direção do PDT e pediu razões para continuar na sigla. Foi o último movimento dele para evitar ser chamado de ingrato – ele diz não acreditar que sua carta terá resposta e já fala como possível pré-candidato: “Nem eu vou para um partido com a exigência de ser candidato, nem quero que o PPS me obrigue a concorrer ao Palácio do Planalto”, disse Cristovam ao Congresso em Foco.
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Presidente do Partido Popular Socialista, o deputado Roberto Freire (SP) defende que Cristovam deixe já o PDT e filie-se imediatamente ao novo partido, antes mesmo da promulgação da emenda que permite o troca-troca de legenda sem a perda de mandato, prevista para o próximo dia 18. A lei permite que os senadores, considerados ocupantes de cargos majoritários, troquem de partido sem necessidade da segurança legal da emenda que prevê a janela partidária. Mas Roberto Freire quer a antecipação da filiação do parlamentar para que outros deputados ou senadores possam engrossar as fileiras do PPS e a candidatura de Cristovam ao Planalto.
O lançamento, ainda informal, do nome de Cristovam como candidato ao Planalto pelo PPS, segundo Freire, não impedirá negociações com outros partidos para a formação da chapa, com a escolha de um vice ou outra formação que possa surgir nas articulações eleitorais. Sempre com partidos de oposição, ressalta Freire. Outra meta do presidente do PPS, é fazer com que Cristovam utilize a campanha municipal – que não ocorrerá no DF – para aquecer a disputa nacional e tornar o parlamentar ainda mais conhecido. Além, é claro, de ajudar a eleger vereadores e prefeitos do PPS.
Estrutura antigoverno
Com 10 deputados e um senador, o PPS tem uma bancada aguerrida de oposição ao governo Dilma Rousseff. O partido defende o impeachment por crime de responsabilidade ou a condenação da presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral por suposto crime na campanha de 2016.
Mas Cristovam ainda não está seguro sobre o impedimento e nem sobre o possível crime eleitoral de Dilma. Em contrapartida, ele tem sido um dos principais críticos, no Congresso, tanto da política econômica adotada por Dilma desde o primeiro mandato quanto das propostas de ajuste fiscal feitas agora pelo governo.
Identidade de esquerda
Aos 72 anos, o senador nasceu em Pernambuco, onde se formou em engenharia, e foi reitor da UnB em 1985. Na juventude foi ligado à corrente Ação Popular, grupo de esquerda que lutava contra a ditadura militar, e terminou exilado em Paris. Lá fez pós-graduação em economia pela Sorbone. Escreveu cerca de 20 livros sobre a realidade social brasileira.
Como governador do DF, entre 1995 a 199, implantou o Bolsa Família, programa social que remunerava os pais que mantivessem os filhos na escola. Em 2006 Cristovam concorreu ao Planalto pelo PDT e poderia se candidatar novamente em 2018. Mas seu atual partido participa do governo Dilma, ocupa o ministério do Trabalho e não deve se alinhar a um candidato de oposição ao governo do PT, como pretende o senador.
Este site mostrou em 10 de novembro, com exclusividade, que Cristovam manifestava desde então o desejo de disputar a corrida presidencial. Naquela ocasião, teria de enfrentar o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes na indicação do partido para a sucessão de Dilma. A informação foi confirmada pelo próprio pedetista ao Congresso em Foco, em entrevista exclusiva concedida em seu gabinete.
Como o pedetista, outro senador deixou seu partido com aspirações mais ambiciosas: ex-líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) é a nova aposta do PV para o mais importante posto da política nacional. Como este site também mostrou em primeira mão, em 22 de dezembro, o ex-tucano já negociava fazer duas alterações no programa partidário do PV para oficializar sua candidatura. O pacote de sugestões de reformulação incluiria a retirada de questões como a descriminalização (e até a permissão) do aborto e a liberalização do consumo de maconha, temas caros em época eleitoral.
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