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Segundo Gurgel, as interceptações telefônicas da Porto Seguro indicam que Valdemar e Paulo trocavam favores. O procurador suspeita que o deputado tenha cometido crimes de advocacia administrativa e corrupção passiva. “É preciso investigar como ocorriam as mencionadas trocas de favores, esclarecendo se eram vinculadas a solicitação ou recebimento de vantagens pelo parlamentar”, defende.
As investigações da Porto Seguro identificaram 1.169 ligações telefônicas entre Paulo Rodrigues Vieira e o Partido da República, de Valdemar. Deflagrada em novembro do ano passado, a operação desarticulou um grupo que, segundo a acusação, atuava como uma organização criminosa infiltrada em sete órgãos federais para a obtenção de pareceres técnicos fraudulentos em benefício de interesses privados. Seis pessoas foram presas. Entre elas, Paulo e seu irmão, Rubens Carlos Vieira, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Também figuraram entre os alvos da Porto Seguro o ex-subchefe da Advocacia Geral da União (AGU) José Weber Holanda e a então chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha. Os dois foram afastados de seus cargos. A presidenta Dilma Rousseff determinou a abertura de sindicância em todos os órgãos federais citados na investigação para apurar a responsabilidade de servidores. Mais de 20 pessoas são investigadas atualmente por envolvimento no caso.
“Companheiro da gente”
O Congresso em Foco não conseguiu localizar Valdemar Costa Neto para comentar a abertura do novo inquérito. Ainda em novembro do ano passado, o deputado disse que o aprofundamento das investigações só iria confirmar uma coisa: sua grande amizade com Paulo Rodrigues Vieira. “O Paulo é companheiro da gente e me ajudou demais, conforme a Polícia Federal vai poder constatar nos e-mails e telefonemas para mim”, afirmou ele ao site e a outros jornalistas no dia 28 de novembro.
Valdemar: Paulo Vieira me ajudou demais
Valdemar recorre da condenação que lhe foi imposta pelo Supremo no julgamento do mensalão. O parlamentar foi condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de pagamento de multa superior a R$ 1 milhão. Como presidente do extinto PL, atual PR, Valdemar recebeu R$ 10 milhões do PT por meio do ex-tesoureiro petista Delúbio Soares. O dinheiro, segundo a defesa, foi destinado ao pagamento de dívidas de campanha e não serviu de moeda de troca para que a bancada apoiasse o então presidente Lula no Congresso, conforme alegou a acusação.