Na Câmara, Henrique Alves pavimenta sua candidatura
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Assim, enquanto os deputados já deram início ao processo para escolher o novo presidente da Câmara, os senadores estão em compasso de espera. Enquanto acerta as condições para voltar à presidência do Senado sem maiores riscos, Renan adia a oficialização da sua candidatura. Os dois principais nomes que ele tenta tirar do seu caminho, negociando compensações, são os senadores Luiz Henrique (PMDB-SC) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Entraram no jogo a negociação em torno das presidências da principal comissão permanente do Senado e também da Comissão Mista de Orçamento.
Por conta da polêmica em torno do nome de Renan, Luiz Henrique faz correr em Santa Catarina a versão de que poderia vir a se candidatar caso tivesse o apoio do Palácio do Planalto. Assim, a primeira negociação gira em torno de compensar o senador catarinense para que não entre na disputa com Renan. E essa compensação pode ser dar-lhe a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), considerada a mais importante do Senado. Integrante da cúpula do PMDB e aliado de Renan, o atual presidente da CCJ assumiria a liderança do partido, que é hoje exercida pelo próprio Renan.
Outro nome que se apresenta como possível candidato, Ricardo Ferraço seria compensado com a presidência da Comissão de Orçamento.
Essas não são as únicas articulações de bastidores que de desenvolvem no partido. Renan até agora não tratou disso publicamente. Com a volta de Valdir Raupp (PMDB-RO) ao Senado nesta semana, a expectativa é que o processo saia dos bastidores e seja iniciado. Presidente nacional do PMDB, ele estava afastado do cargo para coordenar as eleições municipais. A decisão sobre a candidatura à presidência cabe aos senadores, mas a presença de Raupp conta nas articulações.
Além de Luiz Henrique e Ferraço, há outros nomes que precisam ser abrigados. O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da CPI do Cachoeira, também ambiciona a principal cadeira do Senado. Seu nome também foi colocado como possível para presidir a CCJ. Outro que se movimenta é Romero Jucá (PMDB-RR). Alijado da liderança do governo pela presidenta Dilma Rousseff, atualmente ele é o relator geral do Orçamento 2013.
Esse é o ponto que preocupa outros partidos no Senado. Os senadores do PT, por exemplo, temem que o PMDB possa tentar invadir outros espaços para abrigar outras compensações para abrir caminho à candidatura de Renan. Espaços que hoje são do PT, como a primeira vice-presidência do Senado (que hoje está com o senador petista Aníbal Diniz, do Acre) e a Comissão de Assuntos Econômicos (comandada atualmente pelo petista Delcídio Amaral, do Mato Grosso do Sul).
Governo
Renan renunciou à presidência do Senado em 2007 na esteira do escândalo Mônica Veloso. Na época, a jornalista Mônica Veloso revelou que tivera com Renan uma filha fora do seu casamento. Para fazer o pagamento da pensão alimentícia à filha e de outras despesas pessoais de Mônica, Renan valia-se da ajuda de um lobista seu amigo, Cláudio Gontijo, ligado à empreiteira Mendes Júnior. Várias denúncias começaram a surgir contra Renan após o caso. Pressionado, ele deixou, então, a presidência do Senado. O caso foi parar no Conselho de Ética do Senado, que recomendou a sua cassação. Levado, porém, ao plenário, Renan acabou absolvido.
Apesar do desfecho favorável, Renan não conseguiu mais recuperar o prestígio e o poder que tinha antes do caso vir à tona. Seu nome ainda é sinônimo de polêmica, e é por isso que ele não é o candidato dos sonhos do Palácio do Planalto, que preferia uma alternativa. A presidenta Dilma Rousseff, porém, não quer se envolver diretamente na disputa, pois sabe que Renan ainda tem poder no PMDB e teme, por essa razão, que uma ação contra ele acabe produzindo sequelas.
Havia a expectativa entre a alta cúpula do governo que Edson Lobão reassumisse o mandato e disputasse a sucessão do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Porém, é pouco provável que ele saia do Ministério das Minas e Energia. Especialmente após ficar internado por duas semanas no Hospital Israelita Albert Eistein, em São Paulo, para tratamento de uma infecção.
Trunfo
Renan tem um trunfo estratégico. Definido que a presidência do Senado ficará com o PMDB, é Renan quem, como líder da bancada, dá início ao processo de discussão interna para a escolha do nome. É, portanto, Renan quem dita o ritmo da sucessão de Sarney. Além disso, mesmo com toda a polêmica em torno do seu nome, ele ainda tem, afirmam os senadores peemeebistas, comando suficiente para impedir que outros se atrevam a disputar a indicação com ele e vencer.
Senadores ouvidos pelo Congresso em Foco, sob a condição do anonimato, comentam que apenas Renan pode tirar a presidência dele mesmo. Não existe na Casa adversário capaz de vencê-lo na disputa. Muito pelo trânsito que possui entre parlamentares da base e também da oposição. No entanto, dizem que a demora em ele admitir a candidatura é a possibilidade de passar os próximos dois anos como alvo da imprensa e até de colegas oposicionistas. Um parlamentar relatou que o “rescaldo de 2007” pesa na decisão.
A avaliação que o peemedebista faz neste momento é se vale a pena ser eleito presidente do Senado e correr o risco de passar o mandato “sangrando”. Além de voltarem à tona as denúncias que o fizeram renunciar em 2007, de ter a vida vasculhada. “Não existe nenhum fato novo contra o senador Renan. Ele foi julgado e absolvido pelos seus pares”, disse o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), atual presidente da CCJ do Senado.
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