Os trabalhadores e jovens que fazem greves, ocupações e manifestações de rua querem melhores salários, recursos para saúde, educação, moradia, transporte público, reforma agrária e aposentadoria digna. Querem o fim da violência policial e da criminalização da luta social. E protestam contra a política do governo da presidenta Dilma, dos governos estaduais e municipais, que só destina recursos públicos para a Fifa, grandes empresas, empreiteiras, bancos e para o agronegócio.
Neste 15 de maio, vivemos um amplo processo de lutas em todo o país. Na maioria das capitais, manifestações de rua protestaram contra as injustiças da Copa. Mas não foram apenas as passeatas – algumas duramente reprimidas pela polícia, como ocorreu em São Paulo. O país viveu centenas de outras formas de protesto.
Em São Paulo, tivemos greves em mais de uma dezena de fábricas metalúrgicas, convocadas pelo sindicato de metalúrgicos local em protesto contra a política econômica do governo federal. Uma enorme passeata dos professores da rede municipal em greve ergueu a voz da categoria que cobra do prefeito Fernando Haddad (PT-SP) atendimento das reivindicações dos educadores em contraponto à destinação de recursos públicos para as empreiteiras e para a Copa. Os metroviários paralisaram o setor de manutenção e fizeram uma linda passeata por todo o centro da cidade. As famílias da Ocupação Esperança, do Luta Popular, fecharam a rodovia Anhanguera ainda no inicio da manhã. O MTST promoveu diversas mobilizações, também pela manhã em vários pontos da cidade. O protesto dos movimentos populares era contra as injustiças da Copa e exigiam moradia para o povo pobre.
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Em Belo Horizonte, uma grande manifestação reuniu trabalhadores em greve de diversas categorias (professores da rede municipal de Belo Horizonte, servidores municipais de BH, professores da rede estadual) com as famílias da Ocupação Wiliam Rosa, do Luta Popular, outros movimentos populares da região e estudantes. No Rio de Janeiro, na esteira da greve dos rodoviários que paralisou a cidade por dois dias, uma manifestação no centro da cidade uniu os professores da rede municipal e da rede estadual que estão em greve, diversas outras categorias e estudantes. Todos protestando contra as injustiças da Copa, a política econômica do governo federal e o descaso dos governos estaduais e municipais para com as demandas dos trabalhadores e do povo pobre.
E assim foi em diversas outras capitais, com manifestações organizadas pelo Comitê Popular da Copa, pela CSP-Conlutas, pela Anel, por sindicatos e movimentos populares. O que o país viveu, portanto, foi um forte dia de protestos contra as escolhas feitas pelos governantes das três esferas (federal, estaduais e municipais) e exigindo mudanças no país. Não é que os trabalhadores e jovens que lutam queiram impedir a realização da Copa do Mundo. Pequenos grupos como os adeptos da tática Black Bloc, que com seu modo de agir só prejudicam o movimento, não representam as centenas de milhares de jovens que participaram dos protestos em todo o país.
O que motiva os protestos são as injustiças sociais que a Copa do Mundo apenas evidencia. A pergunta que não se cala é: por que os governos podem garantir, com recursos públicos, o famoso “padrão Fifa” para os estádios e não podem garantir este mesmo “padrão” para a qualidade dos serviços públicos de saúde, educação, transporte? Por que os recursos repassados às empreiteiras não são usados para garantir moradia para o povo pobre, para fazer a reforma agrária, para pagar uma aposentadoria digna para aqueles que trabalharam sua vida inteira? E por que não há uma ação concreta das autoridades para mudar o quadro da violência machista contra as mulheres, o racismo e a homofobia que só se alastram na sociedade?
O que motiva os protestos é a violência com que a polícia, a mando dos governos, trata os jovens e trabalhadores nas manifestações, a criminalização da luta social. No Rio Grande do Sul, um juiz acaba de aceitar uma denúncia feita pelo Ministério Público contra o jovem Matheus Gomes, dirigente do PSTU e da Anel, e mais 5 companheiros que, se condenados, podem pegar até 20 anos de prisão. Já são centenas de jovens indiciados pela policia em todo país. O crime? Lutar por seus direitos! O que motiva os protestos é o verdadeiro genocídio praticado pela policia na periferia das grandes cidades, contra o povo pobre e negro.
O governo da presidenta Dilma se pronunciou tratando de diminuir e desmerecer a importância dos protestos que houve no 15 de maio. Tenta desvincular as greves e lutas dos movimentos populares dos protestos contra a Copa, como se estas greves e estas lutas também não questionassem as políticas e escolhas feitas pelo seu governo. Como propaganda na grande imprensa e na televisão isso pode até ser feito. Mas a realidade que vive o país é muito diferente da propaganda oficial.
Desde junho do ano passado – quando milhões foram às ruas expressando seu descontentamento com os governos e exigindo mudanças no país – vivemos uma nova situação política no Brasil. Esta nova situação vem se aprofundando nos últimos meses e vive um pico de mobilizações nas últimas semanas. O fato deste processo não se dar na forma de manifestações de centenas de milhares nas ruas, mas sim através de centenas de greves em todo o país, de ocupações e mobilizações dos movimentos populares e de lutas estudantis não lhe tira força ou importância. Muitas destas greves são expressões de rebelião dos trabalhadores que, para defender seus direitos, passam por cima das direções sindicais quando estes preferem apoiar o governo e os empresários. Em vários estados, a mobilização já chegou à base das forças de segurança, como vimos na greve da PM na Bahia e, mais recentemente, em Pernambuco.
O que vemos é um salto adiante no processo de lutas no país, agora com um protagonismo cada vez maior da classe trabalhadora organizada, através de suas formas tradicionais de luta. E esse quadro tende a se ampliar nas próximas semanas.
12 de junho é dia de greves, ocupações e manifestações de rua
Os servidores federais da área técnica e administrativa das universidades federais estão em greve em todo o país. Também estão em greve os trabalhadores (professores e técnico-administrativos) dos Institutos Federais de Educação no Brasil inteiro. Participaram dos protestos em seus estados e continuam em greve exigindo o atendimento de suas reivindicações. Nesta semana, começou a greve dos trabalhadores do poder judiciário federal e, no início de junho, várias outras categorias do serviço público federal devem parar suas atividades.
Os operários da construção civil de empreiteiras da Petrobrás estão em greve na baixada santista. Operários da construção civil preparam, para os próximos dias, greves em Belém e Fortaleza. Os trabalhadores no transporte coletivo – ônibus, trens e metrô – seguem em luta e devem ocorrer várias greves nas próximas semanas.
Enfim, o panorama que temos, ao contrário do que diz (e torce) o governo, é de crescimento da mobilização social em todo o país. Os trabalhadores e a juventude brasileira querem mudanças no país!
É este o contexto da preparação da jornada de mobilizações convocada para o dia 12 de junho, dia do primeiro jogo da Copa do mundo. Vamos trabalhar para confluir nesta data, todas as mobilizações já em curso e em preparação. Vamos unir todas as lutas numa grande jornada de greves, ocupações e manifestações para exigir mudanças de verdade no país, com melhores salários, recursos públicos para atender as necessidades da população, o fim da violência policial e da criminalização da luta social. Chega de privilégios e dinheiro para a Fifa, empreiteiras, bancos e grandes empresas nacionais e multinacionais! A mudança vem das ruas!
E queremos estender este chamado a nossos irmãos trabalhadores e jovens de todo o mundo para que se somem a nossa jornada, organizando em seus países protestos que apoiem as lutas no Brasil. Nossa luta é em defesa dos interesses e direitos da classe trabalhadora e da juventude. É a luta contra a dominação do nosso país pelas grandes empresas e bancos multinacionais que exploram e oprimem o nosso povo. É a mesma luta daqueles que se enfrentam em todo o mundo contra todas as formas de exploração e opressão do capitalismo. Vamos, então, unir a nossa luta!
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