Antonio Vital |
O Senado derrubou a Medida Provisória que proibia os bingos no país por várias razões, que vão de conveniências momentâneas (em relação, por exemplo, à disputa em torno da emenda constitucional que permite a reeleição dos presidentes das duas Casas) à fragilidade do governo, passando pela pouca experiência de seus líderes. Eis alguns fatores que influenciaram no resultado: Disputa pela presidência Os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP) cobram do governo uma posição em relação à emenda constitucional que permite a reeleição de Sarney, atual presidente do Senado, cargo cobiçado por Calheiros. O governo quer a recondução de Sarney, no Senado, e de João Paulo Cunha (PT-SP) na Câmara, mas tem uma maioria tão apertada no Senado que prefere não se meter na briga, como disse ontem o ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo. O problema é que João Paulo já disse mais de uma vez, inclusive ontem, que o presidente Lula apóia sua reeleição. Leia também Para demonstrar força, Sarney e Calheiros adotaram estratégias distintas quarta-feira: o primeiro tirou de plenário seus comandados na hora da votação da MP dos Bingos e o segundo encheu de parlamentares e permitiu o quórum necessário para a instalação da comissão especial que pode vir a elevar o salário mínimo, fixado em R$ 260,00 pelo governo (leia mais). Foi determinante para a rejeição da MP dos Bingos, votação que o governo perdeu por apenas dois votos, a abstenção de Roseana Sarney (PFL-MA) e os votos contrários de João Alberto (PMDB-MA), Papaléo Paes (PMDB-AP) e Edison Lobão (PFL-MA), ligados a Sarney. Inexperiência dos líderes Costuma-se dizer que o Senado é a pós-graduação em política. Ali estão ex-ministros, ex-governadores e até ex-presidentes da República. Por isso, estratégias que seriam aceitas em assembléias legislativas ou mesmo na Câmara "não colam" no Senado. Que o digam Aloizio Mercadante e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) (leia mais). Governistas ausentes ou contra O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) não compareceu à votação porque foi obrigado a ir a Salvador para o enterro do ex-sogro. Os senadores Cristovam Buarque (PT-DF) e Ana Júlia Carepa (PT-PA) estavam viajando. O senador Flávio Arns (PT-PR) também não apareceu. Os senadores Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC), Aelton de Freitas (PL-MG) e Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), apesar de pertencerem a partidos da base do governo, votaram contra a MP. O mesmo fizeram os três senadores ligados a Sarney – além de Roseana, que se absteve. Senadores que em geral votam a favor do governo, como Alberto Silva (PMDB-PI), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Duciomar Costa (PTB-PA), José Maranhão (PMDB-PB), Marcelo Crivella (PL-RJ), Romeu Tuma (PMDB-SP) e Valmir Amaral (PMDB-DF), também não estiverem presentes à sessão. Enfim, os governistas não são tão governistas assim no Senado. Para compensar a derrota, o governo pensa em editar uma nova medida provisória ou a propor até mesmo um projeto de lei com nova proibição. |
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