Na sessão em que os membros da CPI do Apagão Aéreo iriam aprovar requerimentos para a convocação de depoentes sobre a crise aérea, o governo impediu que se aprovasse um que requereria ao Tribunal de Contas da União (TCU) relatórios sobre o sistema de tráfego aéreo. O documento, contudo, apontaria eventuais irregularidades na Infraero, empresa estatal que administra os aeroportos e um dos pontos de atrito entre governo e oposição.
Com ampla maioria na comissão, os deputados governistas recusaram o requerimento, por 15 votos a nove, que havia sido apresentado extra-pauta. E o que se viu durante a sessão, que durou mais de uma hora, foi nada mais do que bate-boca entre os parlamentares. Nenhum dos requerimentos que estavam na pauta de hoje (16) foi votado.
Os parlamentares da oposição deixaram a sala da CPI visivelmente frustrados. “Se houver alguma irregularidade, tem que vir à tona pelo Congresso ou pela imprensa, não por negligência”, afirmou Gustavo Fruet (PSDB-PR). “Se não é possível requerer esses documentos com o TCU, imagine quando a gente começar a falar em Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], Infraero e Ministério da Defesa?”.
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Deputados da base aliada argumentaram que o pedido não detalhava o assunto. Fruet, no entanto, não vai desistir. Disse que vai requerer os relatórios no plenário da Câmara, prerrogativa que todo congressista tem. Ele acha fundamental a CPI investigar a crise aérea auxiliada por esses documentos. “É uma pena não termos acesso a uma informação tão básica”, lamentou.
“A CPI não tem objetivo de esconder. Pelo cronograma, não é hora de investigarmos isso [possíveis irregularidades]. Depois, não vejo problema”, afirmou Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Para o presidente da CPI do Apagão Aéreo, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), o foco da comissão não pode ser desviado. “Temos que investigar o tráfego aéreo. Se nós desviarmos o foco, chegaremos ao final sem saber o que teremos no relatório”, disse. A CPI, no entanto, está prevista para terminar no dia 11 de setembro.
Depoimentos
Dois membros da Aeronáutica vão depor nesta quinta na comissão. Às 9h, o coronel Rufino Antônio da Silva, presidente do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa); às 13h, o brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe da operação de resgate e que comandou as investigações da corporação sobre o acidente com o Boeing da Gol. (Lucas Ferraz)
Infraero afasta três assessores suspeitos de irregularidades
A Infraero, a pedido da Controladoria Geral da União (CGU), afastou hoje (16) o assessor da presidência da estatal, Tércio Ivan de Barros. A determinação foi tomada pelo Conselho de Administração da empresa pública que administra os aeroportos. A decisão também atinge os funcionários Mariângela Russo e Roberto Spinelli Júnior, que atuam no aeroporto de Garulhos (SP) e já tinham sido afastados de suas funções.
Em nota, a Infraero informa que os três afastamentos servirão para garantir a qualidade da sindicância sobre a compra do software FS3 usado no controle da publicidade veiculada nos aeroportos.
Leia íntegra da nota da Infraero:
"Por determinação do Conselho de Administração da empresa a pedido da CGU, a Infraero afastou de suas funções os funcionários Tércio Ivan de Barros (assessor da Presidência), Mariângela Russo e Roberto Spinelli Júnior (ambos atuando no Aeroporto de Guarulhos).
O afastamento foi feito com o fim de dar melhor andamento à sindicância sobre a compra do software FS3 para o controle da publicidade veiculada nos aeroportos, responsabilidade da Diretoria Comercial da Infraero.
A mesma medida atinge também os funcionários, já afastados, Wellington Moura, Márcia Chaves e Fernando Brendaglia.
Os nomes acima citados permanecem como funcionários da empresa, aguardando o fim da sindicância que vem sendo realizada pela CG".