O senador José Sarney (PMDB-AP) saiu hoje (19) em defesa da filha Roseana Sarney, ex-governadora do Maranhão. Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (19) pelo jornal O Estado de S. Paulo, Roseana foi um dos 28 nomes de políticos citados na delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Segundo o jornal o grupo teria sido beneficiado pelo esquema de desvio de recursos da estatal.
“Eu não acredito jamais. Eu conheço o caráter da minha filha. Isso é uma coisa dirigida”, afirmou Sarney ao participar de um evento de despedida do Senado, com funcionários da Casa.
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Além de Roseana, outros sete nomes do PMDB foram citados, entre eles, os dos presidentes da Câmara, Henrique Alves (RN) e do Senado, Renan Calheiros (AL) que também negaram as acusações.
“As relações do senador Renan Calheiros com todos os diretores da estatal nunca ultrapassaram os limites institucionais. Não há chance alguma de o senador ter tratado de temas não republicanos com qualquer pessoa ou executivos desta ou de outra estatal”, diz uma nota divulgada pela assessoria de Renan.
O presidente da Câmara também se defendeu. “É com extrema indignação que vejo meu nome citado. Não há qualquer hipótese de verdade no meu envolvimento com as irregularidades cometidas na Petrobras”, declarou.
Nota assinada pela Executiva Nacional do PMDB nacional diz que “se houve eventual participação de integrantes da legenda [no esquema investigado pela Operação Lava Jato], eles o fizeram em caráter pessoal, não tendo para isso nenhum tipo de apoio ou legitimação do partido”. Segundo o texto, o partido defende a punição de todos os envolvidos em desvios de recursos públicos ou em esquemas de corrupção.
Ex-governador do Rio de Janeiro, que integra a legenda, Sérgio Cabral afirmou que a relação com Costa “sempre foi institucional – entre o governador do estado do Rio de Janeiro e um representante da Petrobras”. Cabral ainda negou que tenha indicado ou interferido em nomeações do governo federal ou em decisões gerenciais da empresa.
Outros nomes da legenda, como o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, o senador, Romero Jucá (RR) e o do deputado, Alexandre Santos (RJ) ainda não se pronunciaram.
Na lista divulgada ontem pelo jornal paulista, constam oito nomes de políticos filiados ao PT. Foram citados os ex-ministros da Casa Civil, Antonio Palocci e Gleisi Hoffmann, que atualmente é senadora pelo Paraná. Palocci, não foi localizado pela reportagem da Agência Brasil para comentar a denúncia. Em nota Gleisi reiterou que não conhece e “jamais manteve qualquer contato com Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef”. Afirmou ainda que nada tem a temer sobre a investigação em curso e que seus sigilos fiscal, bancário e telefônico estão à disposição da Justiça.
Em entrevista à Agência Brasil, outro senador do PT, Lindbergh Farias (RJ), também repudiou as acusações. Disse que a reportagem do Estadão mistura pessoas que teriam recebido propina com outros casos. “Ele [Paulo Roberto Costa] me citou em outro contexto – o da campanha eleitoral deste ano – que nada tem a ver com propina e aparece tudo misturado”, afirmou. O senador disse que por causa da candidatura ao governo do Rio de Janeiro teve três reuniões com Costa em janeiro de 2014 e que o ex-diretor “faria contatos com empresas para captar doações legais para o PT”, mas segundo Lindbergh, Costa logo foi preso e nenhuma doação que recebeu teve intermediação dele.
Também citado, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) diz que os as denúncias contra ele referem-se a fatos anteriores ao mandato como senador. “Esses fatos foram amplamente utilizados durante a campanha eleitoral de 2014, mesmo já tendo sido rigorosamente analisados e aprovadas por todos os órgãos de fiscalização e controle da União”, disse ressaltando que com relação a mais esse vazamento tomará as medidas judiciais cabíveis.
O deputado Vander Loubet (PT-MS), um dos nomes que ainda não tinham sido divulgados, disse estar surpreso com a notícia. Ele afirmou que “não teve relação institucional, política ou de outra natureza” com o ex-diretor e se colocou à disposição da Justiça “para que os fatos sejam esclarecidos com a maior brevidade possível”. Ainda do PT, o deputado Cândido Vaccarezza (SP) disse que já se manifestou sobre a denúncia envolvendo seu nome. Voltou a negar a acusação e afirmou que “não tem nenhuma novidade” na reportagem publicada.
Com dez nomes, o PP é a legenda que tem mais políticos citados. O presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), reencaminhou por meio de assessores uma carta ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na qual diz que renuncia ao mandato caso seja comprovado algo contra ele.
Já assessores do deputado federal Luiz Fernando Faria (PP-MG) informaram que os contatos mantidos com Paulo Roberto Costa “se deram exclusivamente por dever de ofício”. A nota assinada pelo parlamentar ainda acrescenta que, como presidiu a Comissão de Minas Energia em 2008 e em 2011 e foi relator de um dos projetos sobre o Pré-Sal (PL5939/2009), “era inerente do exercício da função, o tratamento das questões institucionais, republicanas e de interesse nacional, dos atos relativos às atribuições do cargo, bem como em defesa dos interesses de seu estado, Minas Gerais”.
A reportagem fez contato com o gabinete e escritórios estaduais dos deputados Nelson Meurer (PP-PR) e Simão Sessim (PP-RJ), mas as assessorias informaram que os parlamentares estão viajando e ainda não foram contatados.
A reportagem do Estadão também inclui na lista o nome do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, morto em um acidente de avião em agosto – que teria recebido em 2010 R$ 20 milhões como caixa 2 de campanha na candidatura à reeleição para o governo de Pernambuco. O Partido Socialista Brasileiro (PSB) divulgou nota hoje reiterando “extrema confiança” no ex-presidente nacional da legenda. “O ônus da prova é de quem acusa, portanto, o senhor Paulo Roberto Costa deve provar a sua denúncia, até porque ele cita um líder com reputação ilibada e que não está mais aqui para se defender”, destaca.
Na lista de Costa ainda está o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano. Em nota divulgada hoje, o partido defende que todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independentemente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupem. O documento lembra a apresentação do relatório paralelo da CPMI da Petrobras, de autoria dos partidos de oposição, que pede o indiciamento de 59 pessoas e a abertura de inquérito policial contra 36.