Fábio Góis
A maioria dos políticos ainda não sabe como usar com eficácia o microblog Twitter. E isso em um ano eleitoral marcado pela ampliação da liberdade da internet durante em época de campanha – resultado da aprovação da minirreforma eleitoral pelo Congresso, em 17 de setembro.
Entre outros pontos da proposta aprovada, sites, blogs e perfis em redes sociais criados pelos candidatos poderão permanecer no ar até mesmo no dia da eleição. Mas, a pouco mais de oito meses para o pleito de outubro, a estimada “livre manifestação do pensamento” não é exercida com a propriedade determinante na eleição, em 2007, do primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
Como em toda nova onda, já há como apontar os pecados cometidos por políticos sem muita manha com o microblog – uma das mais influentes ferramentas de comunicação instantânea da grande rede.
Quais sejam, além das pausas prolongadas de interação: repassar para assessores a tarefa de se comunicar com os seguidores, o que imprime certo caráter impessoal às mensagens; longas mensagens fracionadas em várias postagens, com o objetivo de fugir à imposição dos 140 caracteres, o que ocupa espaço excessivo na página principal dos seguidores (“timeline”); e o baixo uso de links para vídeos e áudios – principal demanda dos usuários –, instrumentos que exploram as possibilidades da internet e são eficazes peças de difusão da imagem.
Reportagem veiculada hoje (sábado, 23) na Folha Online revela que, dos quatro principais pré-candidatos à Presidência da República, apenas a chefe da Casa Civil, ministra Dilma Rousseff, não possui perfil no microblog – embora usuários simpatizantes e opositores tenham criado registros falsos, cada qual com suas intenções. O governador de São Paulo e provável nome do PSDB para a sucessão de Lula, José Serra, é o mais atuante no Twitter entre os presidenciáveis, com 153.243 seguidores em sua lista.
O deputado Ciro Gomes (PSB) e a senadora Marina Silva (PV), também postulantes a primeiro-mandatário do país, têm presença tímida na rede social. Com 6.426 seguidores, Ciro postou apenas 25 “tuítes” desde que criou perfil, sendo que o mais recente data de dezembro. Já Marina, com quase 3 mil seguidores, não tecla desde novembro.
Monitor
E existe até um perfil no microblog (Twiticos – @twiticos) destinado a seguir políticos e partidos twitteiros. A idéia, além do óbvio propósito de jogar holofotes sobre o uso político do Twitter, é certificar a autenticidade dos perfis atribuídos aos mais diversos políticos.
O Twiticos registra em seus arquivos virtuais, em dados reunidos nos últimos dias, mais de 900 políticos cadastrados: 271 deputados federais; 207 perfis atribuídos ou ligados a partidos; 131 vereadores; 111 deputados estaduais; 56 senadores; 11 ministros; e seis governadores.