Em seu blog, o jornalista Josias de Souza comenta hoje que foi protocolada na Justiça Federal do Amapá, na última sexta-feira, uma ação pedida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para retomar terras supostamente griladas pelo presidente da Assembléia Legislativa do Amapá, Jorge Emanuel Amanajás Cardoso (PSDB). Além de Amanajás, o Incra confirmou ao colunista que irá ajuizar ações contra outro deputado estadual, Elder Pena (PDT-AP); um deputado federal, Gervásio Oliveira (PMDB-AP); um procurador de Justiça aposentado, Hernandes Lopes Pereira; e um juiz de direito, César Augusto Scapin.
“Os deputados estaduais Jorge Amanajás e Elder Pena teriam dividido entre si a Fazenda Lagoa Azul, reclamada agora pelo Incra. A propriedade mede cerca de 5 mil hectares. É utilizada para extração de madeira e plantio de soja”, escreve Josias de Souza. Ele acrescentou que o deputado Gervásio Oliveira, o procurador Lopes Pereira e juiz Scapin controlariam, segundo o Incra, terras localizadas numa área que havia sido adquirida ilegalmente pela Amapá Celulose (Amcel), braço da multinacional norte-americana International Paper. Acionada, a empresa devolveu as terras ao governo. Descobriu-se, porém, que há na área outros “intrusos”, que o Incra briga para desalojar.
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As informações foram obtidas em um relatório reservado de 231 páginas. O Congresso em Foco tentou ouvir o deputado Gervásio Oliveira, sem sucesso. Ouvidos pelo colunista, os acusados de grilagem de terras contestam as informações do governo. Alegam ter comprado as propriedades, em transações registradas em cartório. Transações que, para o Incra, são “irregulares” e foram feitas graças à conivência de funcionários da repartição. A direção do Incra em Brasília (DF) deslocou para o Amapá o procurador Nezio Néri de Andrade especialmente destacado para cuidar do caso.