Alvo de comentários racistas em sua página no Facebook neste domingo (1º), a atriz Taís Araújo disse que não vai se intimidar diante das agressões sofridas e estimulou outras vítimas a denunciar esse tipo de crime às autoridades.
“Não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça”, escreveu a atriz nesta tarde.
A Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) vai abrir um inquérito para apurar se houve crime de racismo ou injúria racial. “A atriz será ouvida e os autores identificados e intimados para depor”, afirma nota divulgada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.
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Os comentários foram publicados na última madrugada em uma foto postada por Taís há quase um mês. “Já voltou pra senzala?”, “cabelo de esfregão”, “macaca fpd”, “te pago com bananas” foram algumas das expressões utilizadas por internautas escondidos em “fakes”.
Em resposta, a hashtag #SomosTodosTaísAraújo, em solidariedade à atriz e contra o racismo, entrou para a lista dos assuntos mais comentados do Twitter na manhã deste domingo.
Em julho, a jornalista Maria Júlia Coutinho também foi alvo de ofensas na internet. Caberá às autoridades analisar se os comentários se enquadram como injúria racial ou racismo. O primeiro, previsto no artigo 140 do Código Penal, é caracterizado pela utilização de elementos como cor, raça, etnia ou religião. Nesse caso, a punição pode chegar a três anos de reclusão. Já o crime de racismo está previsto na Lei 7.716/1989. Pela lei, o racismo se configura por atingir uma coletividade indeterminada de indivíduos em razão de sua raça. Esse tipo de crime é inafiançável e imprescritível.
PublicidadeNa resposta que publicou em sua página no Facebook, Taís citou o ativista negro Martin Luther King e estimulou outras pessoas atingidas por comentários racistas a denunciar o crime. “Sempre que você encontrar qualquer forma de discriminação, denuncie. Não se cale, mostre que você não tem vergonha de ser o que é e continue incomodando os covardes. Só assim vamos construir um Brasil mais civilizado. A minha única resposta pra isso é o amor!”
Veja a resposta de Taís Araújo:
“É muito chato, em 2015, ainda ter que falar sobre isso, mas não podemos nos calar. Na última noite, recebo uma série de ataques racistas na minha página. Absolutamente tudo está registrado e será enviado à Polícia Federal. Eu não vou apagar nenhum desses comentários. Faço questão que todos sintam o mesmo que eu senti: a vergonha de ainda ter gente covarde e pequena neste país, além do sentimento de pena dessa gente tão pobre de espírito. Não vou me intimidar, tampouco abaixar a cabeça.
Sigo o que sei fazer de melhor: trabalhar. Se a minha imagem ou a imagem da minha família te incomoda, o problema é exclusivamente seu! Por ironia do destino ou não, isso ocorreu no momento em que eu estava no palco do teatro Faap com o “Topo da Montanha”, um texto sobre ninguém menos que Martin Luther King e que fala justamente sobre afeto, tolerância e igualdade. Aproveito pra convidar você, pequeno covarde, a ver e ouvir o que temos a dizer. Acho que você está precisando ouvir algumas coisinhas sobre amor.
Agradeço aos milhares que vieram dar apoio, denunciaram comigo esses perfis e mostraram ao mundo que qualquer forma de preconceito é cafona e criminosa. E quero que esse episódio sirva de exemplo: sempre que você encontrar qualquer forma de discriminação, denuncie. Não se cale, mostre que você não tem vergonha de ser o que é e continue incomodando os covardes. Só assim vamos construir um Brasil mais civilizado. A minha única resposta pra isso é o amor!”