Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, alguns líderes do PMDB já articulam a rejeição a Cardozo, um dos principais cotados para o posto no STF, na sabatina a ser feita pelo Senado – todos “incomodados”, diz o jornal, com ações da PF contra líderes do partido durante as eleições: os senadores José Sarney (PMDB-AP), ex-presidente da Casa, Eunício Oliveira (CE) e Lobão Filho (MA), esses dois últimos derrotados na disputa para governador, respectivamente, de Ceará e Maranhão. Além deles, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, pai do senador maranhense, também trabalha contra a indicação de Cardozo.
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“A irritação dos líderes peemedebistas teve início em setembro, quando reclamaram do tratamento dado pela campanha de Dilma ao partido nos Estados. Eunício concorreu ao governo do Ceará e Lobão Filho, ao do Maranhão. Os dois foram derrotados. Os peemedebistas também culparam o Planalto pelos vazamentos de detalhes das investigações da Operação Lava Jato que colocaram integrantes da cúpula do partido entre os suspeitos de receber propina de empresas que fizeram negócios com a Petrobras”, diz trecho da reportagem.
O jornal lembra que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores do esquema bilionário de corrupção instalado na estatal, apontou Edison Lobão e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), como beneficiários das propinas para uso em campanhas eleitorais, por meio de verba desviada de contratos. A matéria recorda que a esposa de Eunício Oliveira foi revistada pela PF durante a campanha, em um aeroporto de Fortaleza, e que Lobão Filho também foi abordado em um aeroporto de Imperatriz (MA).
“O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, subordinado de Cardozo, chegou a gravar um depoimento para a campanha de Flávio Dino (PCdoB), que derrotou Lobão Filho nas eleições. Como o PT apoiava Lobão Filho, o secretário vetou o uso das imagens”, acrescenta a reportagem, lembrando que seria inédita uma eventual rejeição, por parte do Senado, de uma indicação presidencial ao STF.
A vaga no STF foi aberta com o anúncio da aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa, em julho. A presidenta Dilma Rousseff não tem prazo para promover a substituição, mas deve fazê-lo até o fim do ano. Além de Cardozo, estão no páreo o procurador geral da República, Rodrigo Janot; o ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves; o subprocurador da República Eugênio Aragão; o professor da Universidade de São Paulo Heleno Torres; o professor da Universidade Federal do Paraná Luiz Fachin; e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado.
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