Eduardo Militão
Após a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado, o PMDB tem a garantia de que a vaga na cadeira mais importante da Casa continuará em suas mãos. O PT não quer nem saber de disputar o maior cargo da Mesa caso Renan não volte de seu “exílio” de 45 dias.
Segundo Aloizio Mercadante (PT-SP), não é interessante quebrar a norma segundo a qual a presidência cabe ao partido que tem o maior número de representantes no Senado. O PMDB, observa o ex-líder do governo, é um aliado importante para a chamada governabilidade.
Além disso, os petistas avaliam como pouco inteligente tomar qualquer iniciativa que possa contrariar a bancada mais numerosa da Casa no momento em que o governo precisa do apoio até da oposição para aprovar a prorrogação da CPMF.
“O cargo é do PMDB, a maior bancada. Não há hipótese de disputarmos a presidência”, decreta o petista. Por enquanto, é o petista Tião Viana (AC) que vai dirigindo, interinamente, os trabalhos para que a Casa retome as votações, paralisadas em protesto à presença de Renan na presidência.
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Segundo Mercadante, a bancada está aberta aos peemedebistas. Não há qualquer veto a nenhum nome, mas ele descarta a possibilidade de peemedebistas considerados “independentes”, como Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE), serem escolhidos. “A bancada do PMDB pró-governo é amplamente majoritária e é essa maioria que vai indicar o nome”, disse.
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), evita até comentar uma eventual sucessão. “Isso não contribui para nada. Não devemos tratar nem dar declarações nesse assunto”, afirmou ao Congresso em Foco.
Carta na manga
Expoentes do PSDB também estão abertos ao PMDB. “A gente tem que deixar eles decidirem”, avalia um tucano. Para esse senador, só nomes inaceitáveis entre os peemedebistas seriam rejeitados pelos tucanos – como José Sarney (AP), que já foi publicamente vetado pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
Nesse caso, os tucanos tentariam se aliar ao PT para emplacar um petista na presidência, preferencialmente o vice-presidente Tião Viana. Mas, ao menos oficialmente, essa hipótese é descartada pelo próprio PT.
No PMDB, ninguém admite articulação. A líder do governo, Roseana Sarney (PMDB-MA), lembra que seu pai, José Sarney, vai ter um papel de influência na escolha. “Ele tem alguns votos, pela maturidade que tem, por estar na Casa há mais tempo”, disse ela, embora de forma cautelosa. Roseana lembrou que seu pai sempre busca o consenso. “Mas Renan ainda é presidente”, ressalvou.