O PMDB deve ser o próximo a definir sua posição na corrida pela sucessão presidencial no Senado. Depois de o PT oficializar a candidatura do senador Tião Viana (AC) na última terça-feira (27), os senadores do PMDB decidiram também se reunir para fortalecer "a tese" de uma candidatura própria.
Em jantar na noite de ontem (29) na casa do vice-líder do PMDB no Senado Valter Pereira (MS), a bancada peemedebista reforçou a idéia de garantir o cumprimento da tradição, que rege que o partido com o maior número de parlamentares deve indicar o presidente da Casa.
“O encontro de ontem evidenciou com clareza que o partido não está disposto a abdicar da presidência. Existe uma tradição, de que a maior bancada indica o presidente, e essa tradição está na cabeça de todos”, confessou o vice-líder ao Congresso em Foco. Segundo ele, faltaram à reunião apenas os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e o Romero Jucá (RR).
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De acordo com o anfitrião, o partido reforçou também a prioridade à candidatura do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), à Câmara, mas não descartou a possibilidade de presidir as duas Casas. “Lá [Câmara] temos maioria e aqui [Senado] temos maioria. O PMDB sempre busca acordo como premissa, mas ele quer a presidência da Câmara e do Senado”, disse Valter Pereira.
Mais cauteloso, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), confirmou que o partido trabalha no sentido de lançar um candidato próprio, mas ponderou que ainda é cedo para se discutir o assunto. “A tese é essa, mas nós não queremos discutir o assunto agora. Não é bom para o Senado que isso se deflagre agora. A política é a arte da conversa. Temos muito que conversar”, disse Raupp ao site.
Em relação a um possível apoio à candidatura do colega Tião Viana, Raupp reafirma que o partido não tem “nenhuma posição”. “O PMDB reivindica a proporcionalidade das bancadas. O acordo nunca passou pelo Senado”, garantiu o líder, se referindo ao acordo firmado na Câmara pela alternância da presidência entre PT e PMDB, feito em 2007 na disputa que elegeu Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Oposição tucano
Ainda sem posicionamento oficial, o PSDB sinaliza que vai esperar que o PMDB se manifeste para se declarar. O líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), considera a posição de seu partido “confortável” e afirma que a praxe é prezar pela tradição da maior bancada, mas não descarta a possibilidade de quebrar esse ritual.
“A praxe é o maior partido. Mas a praxe tem sido desrespeitar essa praxe. Estamos nos preparando para ouvir as propostas. Podemos ter candidatura própria, que contaria com 36, 37, 38 votos para arrancar”, adiantou Virgílio ao Congresso em Foco. O partido se reunirá na próxima terça-feira (4) e a sucessão presidencial será um dos assuntos tratados.
Segundo o líder tucano, o partido não descarta apoio a Tião Viana nem mesmo a José Sarney (PMDB-AL), um dos nomes cotados entre os peemedebistas. Mas tanto o apoio da oposição tucana ao petista Viana, quanto a Sarney são posições duvidosas. Nas eleições passadas,o líder do PSDB fez protestos quanto à candidatura do cacique peemedebista. "Eu nunca vetei o Sarney. Eu apenas disse que se ele se candidatasse, eu sairia candidato", justificou.
Em posição menos flexível que Virgílio, o vice-líder tucano no Senado Alvaro Dias (PR) avalia que o PSDB deve prezar pela tradição. “Até hoje a tradição histórica de o maior partido eleger o presidente foi respeitada. Estamos confiando nisso. Se houver quebra dessa tradição, estamos liberados para discutir o que fazer”, considera Dias.
Depois do PMDB, que conta com 20 senadores, o PSDB e o DEM estão na segunda-terceira posição no quesito maior partido. Ambas as bancadas contam com 13 parlamentares. O PT vem em quarto lugar, apenas com um parlamentar a menos, totalizando 12 senadores na bancada. Com o partido de Lula como a quarta maior bancada, Dias afirma que, na sua avaliação, que PSDB não deve apoiar o nome de Tião Viana.
“Nós não discutimos isso ainda. Mas eu me posiciono contrariamente. O PT é a quarta posição. Apoiá-lo não seria correto. Confiamos que o PMDB vai sugerir um bom nome”, avaliou o vice-líder oposicionista. (Renata Camargo)
Atualizada às 16h49.
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