Em dois encontros com o presidente Lula ontem, a ala governista do PMDB descartou qualquer possibilidade de formar uma coligação formal com o petista e de indicar o vice para a chapa da reeleição. “Colocamos para ele (Lula) que queríamos um partido livre para as coligações estaduais”, explicou o deputado Eunício de Oliveira (CE), ex-ministro das Comunicações de Lula, após sair à noite de uma reunião no Palácio do Planalto. Segundo ele, a prioridade do partido agora é cuidar dos estados.
À tarde, o senador Ney Suassuna (PB) já havia dito ao presidente que eleger governadores, senadores e deputados é mais importante na legenda do que concorrer a uma vaga como vice. Lula insistiu na oferta e pressionou as principais lideranças da ala governista do PMDB a fecharem logo os acordos regionais para garantir palanques à sua candidatura no maior número possível de estados e evitar o crescimento das alianças do tucano Geraldo Alckmin, pré-candidato da coligação PSDB-PFL.
Em conversa reservada com o presidente, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) apresentou uma série de reivindicações e se queixou do PT. Entre os pedidos, a nomeação de um peemedebista para o Ministério da Saúde e para a presidência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Renan apóia Lula em Alagoas, mas seu candidato a governador é o senador tucano Teotônio Vilela Filho. A situação do senador José Sarney é um pouco diferente, pois sua filha Roseana (PFL) é candidata a governadora, mas dificilmente apoiará Alckmin.
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O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, continua acenando com a possibilidade de uma aliança com a ala oposicionista do PMDB. Ontem mesmo, ofereceu a vice de Lula ao senador Pedro Simon (RS), cuja pré-candidatura a presidente da República naufragou, e ao ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos.
Os governistas anunciaram o controle dos palanques do PMDB nos estados do Amapá, Roraima, Rondônia, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Tocantins e Mato Grosso. Acreditam que podem ampliar esse controle ao Paraná, a São Paulo e a Goiás. Segundo Ney Suassuna, a frente deve contar com o apoio de 19 diretórios. Os diretórios do Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio, São Paulo, Santa Catarina, Acre e Pernambuco já manifestaram a intenção de apoiar a candidatura de Alckmin.
Mesmo fora da chapa, Alencar apoiará Lula
O vice-presidente da República, José Alencar, descartou ontem as especulações de que poderia migrar para o PMDB após as eleições de outubro e disse que, mesmo se não for convidado a repetir a chapa de 2002, deve apoiar o presidente Lula. “Independentemente de ele me convidar, se ele precisar de mim, sempre terá o meu apoio”, disse Alencar, após cerimônia no Palácio do Planalto.
Em Brasília, circularam na semana passada rumores de que uma articulação para que Alencar, hoje no pequeno PRB, mude para o PMDB no caso de uma vitória de Lula nas eleições de outubro. Dessa forma, o partido assumiria a vice-presidência. Governistas da legenda rechaçaram as especulações de uma articulação para manter Alencar na vice-presidência. Alencar também foi sondado para disputar a vaga de senador com o apoio do PT mineiro.
“Não sou candidato a nada. São hipóteses e não posso raciocinar sobre hipóteses”, disse ele, quando questionado sobre o assunto. “Tenho pelo PMDB o maior apreço, mas estou no PRB e tenho absoluta segurança de que será um partido que vai dar muita alegria ao povo brasileiro”, acrescentou.
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