A bancada do PMDB no Senado quer explicações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o recuo do governo em enviar a reforma tributária ao Congresso ainda neste mês. Ontem (26), o ministro disse que a proposta não chega sequer este ano, para não tumultuar a aprovação da CPMF. Os senadores do PMDB se reuniram hoje (27) e, por causa da reclamação de alguns, decidiram convidar Mantega para uma conversa na semana que vem.
“Foi uma surpresa para todos nós. Segundo o ministro, como disse o líder do governo, Romero Jucá, a reforma não estava pronta”, contou o líder do partido, Valdir Raupp (RO). “Acho que é [necessária] uma explicação. Por que não está chegando no dia 30?”
O líder do PMDB disse que a bancada quer começar a discutir já a reforma tributária, ainda que ela não tenha sido enviada ao Congresso. “Acho que podemos discutir pontos da reforma. Não deve ser uma reforma tributária meia-sola, tem que ser uma completa. De reforma meia-sola, a gente está cheio”, criticou Raupp.
Ele disse que a decisão de debater a reforma só depois da CPMF vai depender de uma conversa com Mantega.
Quem quer
Hoje à tarde, o presidente Lula fez um duro discurso contra empresários e políticos, que, segundo ele, não querem a definição de uma política tributária, embora digam querer. “Eu estou convencido de que nós vamos votar a política tributária. E nós vamos ver quem quer e quem não quer a política tributária”, ironizou o presidente, após a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Lula lembrou que o tema é polêmico e impossível de haver entendimento conjunto entre governadores, políticos e empresários. “Não esperem consenso, porque nunca vai haver consenso em política tributária.” O presidente disse ser necessário esquecer as “intenções corporativistas” para pensar no “conjunto do país”. (Eduardo Militão)