O presidente Michel Temer e seus líderes na Câmara e Senado decidiram elaborar um documento com a assinatura dos parlamentares do PMDB para obrigá-los a votar a favor da reforma da Previdência proposta pelo governo. A ideia é fazer com que os peemedebistas fechem questão sobre o assunto para servir de “exemplo” para outros partidos governistas. O instrumento será utilizado para ameaçar deputados e senadores que se ausentarem das votações sem justificativa ou que insistirem em votar contra a reforma. Entre as punições previstas estão a advertência e até a expulsão do PMDB.
O partido do presidente Temer tem as duas maiores bancadas na Câmara e Senado e age para conter e reverter as dissidências. “Vamos fazer isso de forma negociada e sugerir que as outras bancadas que apoiam o governo façam o mesmo”, disse Lelo Coimbra (PMDB-ES), líder da maioria governista na Câmara. Para aprovar a PEC, é necessário apoio de 308 deputados, em duas rodadas de votação. O número, porém, ainda não foi alcançado.
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Em defesa do “fechamento de questão”, a cúpula peemedebista argumenta que a medida protege inclusive os deputados que são contra a reforma, que ganham, assim, uma desculpa aos seus eleitores: poderão jogar a culpa no partido e alegar que ficaram em minoria na bancada.
Os peemedebistas mais próximos de Temer pretendem elaborar um texto mais genérico para atrair os dissidentes e evitar queixas de coação. Na votação do texto principal na comissão especial que trata da Previdência, nenhum deputado do PMDB votou contra a reforma. Mas há parlamentares do partido que são contra a reforma nos termos em que se encontra, como os deputados Marcelo Castro (PI) e Celso Pansera (RJ), dois ex-ministros da ex-presidente Dilma.
PublicidadeTrio opositor
No Senado, um pequeno grupo de parlamentares do PMDB é contra a reforma previdenciária. Entre eles, o líder da bancada, Renan Calheiros (AL), e os senadores Roberto Requião (PR) e Kátia Abreu (TO). Os três já fazem oposição ao governo neste tema. O fechamento de questão da bancada do partido no Senado não está certo. Renan participou de encontro com Temer, ao lado de outros senadores peemedebistas.
À noite, em jantar na casa da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP), o senador, que vinha sendo um dos principais críticos das reformas do governo, recebeu um ultimato dos colegas: ou para de atacar publicamente as propostas de Temer, ou será destituído da liderança.
O governo quer votar a reforma da Previdência na Câmara até o final deste mês. Ontem a comissão especial concluiu a votação dos 12 destaques ao texto-principal do relator, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Apenas um item foi modificado.
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