Mário Coelho
Após engrossar o discurso e partir para o enfrentamento aberto, o PMDB entrou na segunda fase da sua tática para defender o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Como previsto desde a semana passada, o partido entrou com uma representação no Conselho de Ética contra o líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), por quebra de decoro parlamentar. O documento, assinado pela presidente em exercício da sigla, deputada Íris de Araújo (GO), foi protocolado no fim da manhã desta quarta-feira (5).
Os peemedebistas decidiram entrar com uma representação contra Virgílio por conta do assessor do tucano que passou um ano e meio estudando teatro na Espanha com salários pagos pelo Senado. Carlos Alberto Andrade Nina Neto foi demitido no ano passado por ser filho do subchefe de gabinete de Arthur Virgílio, Carlos Homero Nina, servidor de carreira do Senado. O curso foi autorizado pelo próprio Virgílio na época, por entender que “o aperfeiçoamento de servidor seria útil para a Casa”.
Pelo tempo que ficou na Espanha, Nina Neto custou aproximadamente R$ 210 mil aos cofres do Senado. Após a revelação da denúncia, Virgílio disse que restituiria o valor ao erário. No fim do mês passado, ele teria pago R$ 60,5 mil. O restante seria dividido em três parcelas de R$ 50 mil. Para isso, argumentou o tucano, seria necessário se “desfazer de imóveis” da família para quitar a dívida.
Na terça-feira (28), o Congresso em Foco mostrou que Sarney se mostrava indignado com as acusações sofridas. Por isso, decidiu atacar seus principais oponentes, em especial Virgílio. O pagamento do ex-servidor era uma das acusações que os aliados do peemedebista poderiam fazer no Conselho de Ética. Outra opção seria o uso indevido de passagens aéreas e um empréstimo obtido com o ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia.
Sarney é alvo de 11 pedidos de investigação no Conselho de Ética do Senado. Entre eles, estão denúncias feitas por Virgílio e representações protocoladas pelo PSDB e Psol. O site mostrou hoje que a possibilidade de elas serem arquivadas é grande. E que a oposição já tem a resposta pronta, com recursos elaborados para entrar no conselho e no plenário da Casa.