Aliado de Geraldo Alckmin (PSDB) nas últimas eleições, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), anunciou ontem ao presidente Lula que o partido pretende aderir ao “governo de coalizão”, no segundo mandato do petista.
Após duas horas de reunião no Palácio do Planalto, que reuniu outras lideranças peemedebistas, como os ex-governadores Orestes Quércia e Moreira Franco, Lula entregou a Temer uma proposta com sete pontos para garantir a parceria. O acerto, segundo Temer, deve ser oficializado na semana que vem pela Executiva Nacional do partido.
À noite, Lula comemorou o resultado da reunião, que classificou como “histórica”. “Foi histórica porque todo mundo sabe que nós queríamos fazer uma política de aliança mais forte com o PMDB desde 2002 e que problemas internos no PMDB não permitiram”, afirmou o presidente. A coalizão que estamos construindo vai permitir que a gente chegue a um bom senso e que o Brasil possa ganhar com isso”, disse o presidente.
Governistas e oposicionistas
Temer disse que uma "amplíssima" maioria do partido vai aderir a Lula. "Não gostaria mais de fazer essa distinção entre governistas e oposicionistas. Acho que há uma interação do PMDB em busca de apoio a esses projetos. Pelo menos do nosso ângulo, vamos tentar evitar essa rotulação de governista, não-governista", disse o deputado, que fez oposição ao petista ao longo do primeiro mandato.
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O presidente Lula disse a Temer que chamará os seis senadores do partido que já anunciaram que não participarão do "governo de coalizão": Almeida Lima (SE), Mão Santa (PI), Geraldo Mesquita Jr (AC), Garibaldi Alves (RN) e os recém-eleitos Jarbas Vasconcelos (PE) e Joaquim Roriz (DF).
Agenda mínima
O discurso depois da reunião era o de que não foram discutidos cargos no governo. Na reunião, Lula apresentou uma "agenda mínima de coalizão", com sete pontos, que vão da reforma política a uma renegociação da dívida dos Estados, passando por um crescimento de 5% ao ano no próximo mandato.
"Não me recordo de uma conjugação de forças políticas no passado que se ancorasse numa proposta de projetos para o país. Isso facilita muito a presença do PMDB, porque uma das coisas que o PMDB não deseja é ser apodado de fisiológico. É apoio em troca de projeto", disse Temer.
Distribuição de cargos
O acordo com o PMDB deve aumentar o descontentamento do PT, que teme perder espaço para o partido no "governo de coalizão". Dos 34 cargos com status de ministro no governo, 16 estão nas mãos de petistas. Com a adesão da maioria do PMDB, os peemedebistas, que formam a maior bancada no Congresso, devem ganhar espaço no ministério.
O "governo de coalizão" deve ser marcado pelo apoio maciço dos partidos da base, com no mínimo 80% dos votos da sigla em votações importantes na Câmara e no Senado, divisão dos ministérios em função da força de cada partido no Congresso, e participação num "conselho político", que seguirá e direcionará ações do governo.
Até agora a coalizão reúne PT, PSB e PCdoB. Além do PMDB, praticamente acertado, também discutem entrar na "coalizão" PV, PP, PL e PDT.
Apoio mínimo
O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, deixou claro ontem que só vão participar do governo de coalizão os partidos aliados que comprometerem ao menos 80% de seus votos no Congresso em favor do governo federal.
“Uma das preocupações que o presidente manifestou é que não tem racionalidade participar da coalizão se não mantiver a base unificada, com 80% a 90% dos votos. O princípio da coalizão é o da maioria estável para governar”, afirmou o petista.
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