Sônia Mossri |
Os próprios governistas e o Palácio do Planalto consideram que é muito difícil impedir um rompimento do PMDB com o governo no próximo dia 12. Aliás, esse cenário já é bem digerido pelos assessores do presidente Lula. Avalia-se que, no caso da convenção oficializar o rompimento com o governo, não haveria grandes tormentas para Lula. Em uma análise considerada otimista por muitos parlamentares, o Planalto está seguro de que continuaria a contar com os votos da maioria da bancada do PMDB na Câmara e no Senado e os ministros do partido permaneceriam no governo. O estatuto do PMDB prevê a expulsão do partido se houver desobediência em caso de fechamento de questão pelas bancadas da Câmara e do Senado. Os governistas da legenda estimam que terão maioria de votos, após serem premiados com novos ministérios, nas duas bancadas. Leia também Verbas são liberadas A insatisfação da bancada da Câmara começou a se reduzir ontem. O líder José Borba (PR) disse aos parlamentares que o “Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi, o sistema de informática que registra os gastos do governo) voltou de viagem”, ao dar a boa notícia de que as emendas parlamentares começaram a ser liberadas. Assessores do líder do PMDB passaram a tarde no Ministério da Saúde para acertar detalhes de projetos de deputados do partido, oficialmente alvos de problemas técnicos que impediam a liberação dos recursos. O jornalista Alon Feuerweker, sub-chefe da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, ligado ao ministro da Coordenação Política e de Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, está articulando com os ministérios a liberação das emendas. Até o início da noite de ontem, o PMDB já tinha conseguido empenhar (termo do Ministério da Fazenda que designa a intenção do governo de liberar determinado recurso) mais de 60% das emendas dos deputados do PMDB, o que dá mais de R$ 100 milhões. Essa conta não inclui as emendas das bancadas estaduais, que somam mais de R$ 3,5 bilhões e que permanecem totalmente bloqueadas. A liberação das emendas e o anúncio do fim da emenda da reeleição pelo presidente da Câmara, João Paulo (PT-SP), devem diminuir o descontentamento dos partidos da base aliada com o governo, especialmente no PMDB. Na semana passada, como revelou o Congresso em Foco, Borba definiu com os líderes na Câmara do PFL, José Carlos Aleluia (BA), e do PSDB, Custódio Matos (MG), uma espécie de operação tartaruga, fixando uma cota de aprovação de no máximo três medidas provisórias por semana. |
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