Sônia Mossri |
Apostando em uma grande vitória governista nas eleições municipais de outubro, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, já costura uma nova forma para a base aliada, com o objetivo de facilitar as negociações com o Congresso. A idéia de Dirceu não é nenhuma novidade, uma vez que ele pretender “inchar” o PTB, que tradicionalmente oscila entre governos ao sabor da conveniência do momento. Mais do que inflar o PTB, Dirceu, principal estrategista das ações que têm como finalidade a reeleição do presidente Lula em 2006, acredita que os partidos de oposição sairão rachados das eleições. Por isso mesmo, seria mais do que conveniente ter um partido de centro para abrigar parlamentares que se sentiriam desconfortáveis nos partidos de esquerda da base governista. O presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), sonha alto. Ele disse ao Congresso em Foco que a bancada da Câmara vai saltar dos atuais 52 deputados para 80 após as eleições. No Senado, a bancada do PTB sairia de três para onze senadores, o que daria uma situação mais confortável para o governo. Foi lá, é bom lembrar, que o governo sofreu as suas principais derrotas no Congresso até o momento – na votação das MPs dos Bingos e do Salário Mínimo. Leia também “Quem não pode passar para um partido de esquerda feito o PT, passa para o PTB. Queremos ser o PSDB do Lula. Queremos esse espaço”, afirmou Jefferson. O que o líder do PTB não conta é que o ataque não se limitará aos partidos de oposição. O Palácio e os dirigentes do PTB estão de olho no PMDB, no PP e no PL, todos da base governista. Cardeais do PMDB e assessores palacianos acreditam que a divisão atual do partido somente tende a se agravar a partir das eleições de outubro, qualquer que seja o resultado das urnas. Muitos falam atém em racha do partido, o que o líder peemedebista na Câmara, José Borba (PR), rechaça. “Vamos sair unidos da eleição”, avalia. Essa análise é praticamente minoritária no PMDB. Eleição da mesa Depois das eleições, o governo tem outro problema para resolver e que acabará influindo nos números de cada bancada no Congresso: a eleição das presidências do Senado e da Câmara. Por enquanto, prevalece o consenso de que dificilmente haverá espaço político para aprovação de emenda constitucional que permita a reeleição dos presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP). A proposta já foi derrubada no plenário pelos deputados em maio. Sarney afirmou que desistiu da disputa, mas permanece magoado e se considera traído pelo governo. O nome do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), não é de fácil digestão pelo próprio presidente Lula, que não esquece que o alagoano foi um fiel escudeiro do ex-presidente Fernando Collor. |