O ministro da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, assumiu nesta terça-feira (16) a responsabilidade por um vídeo distribuído pelo Planalto que exalta o golpe de 1964 e a ditadura militar. Santos Cruz deu explicações na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara.
Segundo Santos Cruz, o vídeo circulava de forma privada entre integrantes do governo Bolsonaro até ser disparado por engano para um grupo de WhatsApp do Planalto voltado a jornalistas. A divulgação, segundo Santos Cruz, foi feita por funcionário que é responsável, na Secretaria de Comunicação, por fazer o repasse dos vídeos oficiais.
“É um funcionário com 26 anos de serviço, trabalhou nos governos do Itamar, do Lula e da Dilma. Não tem nenhuma conotação ideológica, não foi uma coisa proposital. Foi tranquilamente um erro operacional de serviço, sem nenhuma ideia de divulgação por motivação ideológica. oi tranquilamente um erro operacional de serviço”, garantiu o ministro.
O vídeo foi divulgado no dia 31 de março (data lembrada como início do regime militar) pela Secretaria de Comunicação da Presidência, por meio de um grupo do Whatsapp voltado para jornalistas. O governo, no entanto, não reconheceu oficialmente a iniciativa de divulgar a peça, que também foi publicada em redes sociais por governistas como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Histórico
Três dias após a divulgação, o Congresso em Foco revelou que Osmar Stabile, um empresário paulista eleitor declarado do presidente Jair Bolsonaro, assumiu ter produzido o vídeo informou, em nota, que classifica o 31 de março como um “contragolpe preventivo”.
Mesmo após a informação vir à tona, no entanto, o Planalto se recusou a informar quem autorizou seu envio ao grupo. O vice-presidente Hamilton Mourão chegou a atribuir a divulgação a Bolsonaro (Mourão recuaria um dia depois, dizendo que o presidente não sabia do vídeo). Horas antes de o empresário assumir a autoria do material, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, havia se recusado a comentar o assunto e deu a discussão por encerrada.
“O fato [a divulgação do vídeo] não foi um fato simplório. O fato é de tamanha gravidade que merece a população brasileira uma resposta, e uma resposta fundamentada, plausível, porque estão rasgando a História e os livros de História, querendo negar a ditadura, que só as famílias que sofreram, mortas, torturadas e desaparecidas é que sabem”, disse na última terça o senador Fabiano Contarato (Rede-ES).