Picciani tinha sido destituído no dia 9 deste mês pela ala oposicionista do partido. Em seu lugar assumiu Leonardo Quintão (MG). Desde que deixou o cargo, Picciani pediu apoio a vários colegas e conseguiu virar o voto de alguns anteriormente favoráveis à sua saída. Ele também convenceu pelo menos dois deputados considerados independentes a assinar a carta de apoio.
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Inicialmente ligado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Picciani se afastou do padrinho, ganhou independência e se aproximou do Palácio do Planalto. Terminou por se transformar no interlocutor preferido da presidente Dilma Rousseff junto ao PMDB, o que causou ciúmes políticos do vice-presidente da República e presidente nacional da legenda, Michel Temer, que revelou o incômodo com o papel de Picciani em carta-desabafo à presidente Dilma.
“Sou o presidente do PMDB e a senhora resolveu ignorar-me chamando o líder Picciani e seu pai para fazer um acordo sem nenhuma comunicação ao seu vice e presidente do partido”, reclamou Temer. Dois dias após a carta, Picciani foi destituído da liderança pela ala oposicionista da bancada.
Contexto
Na reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma na primeira semana de outubro, Picciani ganhou força. Ele indicou os ministros da Saúde, Marcelo Castro, e o da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera. Tal intimidade política com o Planalto irritou a ala oposicionista do PMDB que passou a articular a saída do então líder.
PublicidadePicciani não ganhou esse poder sozinho. Teve ajuda do atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e do ex ocupante do cargo Sergio Cabral Filho. O parlamentar é filho de Jorge Picciani, deputado estadual no Rio de Janeiro, e tem apoio do prefeito carioca Eduardo Paes.
Leonardo Picciani caiu em desgraça na bancada imediatamente após indicar os representantes do partido para compor a comissão processante do impeachment da presidente Dilma. Ele escolheu a dedo governistas comprometidos com a rejeição do pedido de afastamento presidencial, posto em curso na Câmara, há cerca de duas semanas, por Eduardo Cunha.
A briga entre as alas governistas e oposicionistas do partido levou o governo, e o próprio Picciani, a tentar filiar deputados governistas ao PMDB. Este movimento desencadeou um mal-estar interno na sigla, chegando ao extremo nesta quarta-feira (16), quando a comissão Executiva Nacional da legenda decidiu criar uma barreira para a filiação de novos deputados federais. Pela decisão, somente depois de parecer com teste ideológico do próprio colegiado para saber se o pretendente a entrar no PMDB fará oposição ou apoiará o governo Dilma. Agora, o jogo mudou novamente.
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