Mário Coelho
A pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, determinou nesta sexta-feira (1º) a abertura de um processo administrativo para investigar o caso envolvendo Adriano Borges, genro do ministro Carlos Ayres Britto, e o ex-candidato ao governo do Distrito Federal Joaquim Roriz. Até o meio-dia da próxima segunda-feira (4), Roriz deve entregar à Procuradoria Geral da República (PGR) o original do vídeo veiculado na internet referente ao encontro dos dois.
Depois de recebê-las, o órgão vai encaminhar as imagens à Polícia Federal para que seja feita a sua perícia e a sua degravação. Reportagens do portal iG e do site da revista Época, ontem, e do jornal Folha de S. Paulo hoje mostram a tentativa de negociação de Roriz com o advogado para celebrar um contrato que, na prática, impediria o ministro de julgar o caso da Lei da Ficha Limpa. O acordo não foi concretizado. Ayres Britto votou pelo indeferimento do registro de candidatura do ex-governador.
Pelo mesmo motivo, o advogado Eri Varela, que faz parte da coordenação da campanha de Roriz (herdada por Weslian Roriz), apresentou uma queixa crime hoje contra Ayres Britto, sua filha, Adriele Brito, o genro, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski. Varela acusa Borges de procurar Roriz para tentar negociar a participação dele no julgamento. “Na reunião, conversas nada republicanas, e um evidente processo de extorsão”, disse o advogado na queixa crime.
O ministro do TSE também é citado na notícia crime por ter acelerado o despacho do recurso para que Ayres Britto não ficasse impedido de participar do julgamento. A conversa entre Roriz e Borges foi gravada em vídeo de aproximadamente 70 minutos. Durante 37 minutos, a câmera registra uma sala com as luzes apagadas, na casa de Roriz. Em seguida, o ex-governador e Borges entram na sala e iniciam uma conversa.
Seis minutos depois, Roriz pergunta: “Eu gostaria da sinceridade sobre o voto do seu sogro”. Após balbuciar palavras desconexas, Borges responde: “Com isso aí, ele não vai participar. Tá impedido”. Roriz continua: “Então é o êxito.” E o advogado responde: “É um êxito de certa forma”. O ex-governador sentencia: “Com isso, eu ganho folgado”.
Pela manhã, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) determinou que a seccional do órgão no Distrito Federal apure as denúncias envolvendo o genro de Ayres Britto. Em nota divulgada nesta manhã, o presidente da OAB, Ophir Cavalcanti, manifestou solidariedade ao ministro. “Pela forma como tem se posicionado ao longo de sua trajetória no Judiciário, estou convencido que o ministro Ayres Britto não teve conhecimento das negociações”, disse Ophir. A apuração será feita pelo Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-DF.
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