O esquema de espionagem da Polícia Militar de Mato Grosso que foi revelado em maio deste ano pode ter envolvimento do governador do estado, Pedro Taques (PSDB), segundo depoimento prestado à procuradoria-geral da República (PGR). A central clandestina interceptava ilegalmente telefones de mais de 100 pessoas que não estavam envolvidas em investigação da PM. Taques nega qualquer envolvimento.
Sob a justificativa de investigação de tráfico de drogas, a PM pediu quebra do sigilo telefônico de pessoas que não eram relacionadas com o crime. De acordo com reportagem veiculada pelo Fantástico, programa da TV Globo, depoimento do autor da denúncia do esquema coloca o governador no centro da investigação.
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A central de escutas ilegais foi denunciada pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública do estado. Ele conta que ouviu, em 2015, que os grampos eram determinados por Taques e que o governador tinha conhecimento do esquema. Zaque disse ainda que protocolou uma denúncia em outubro daquele ano e que teria confrontado o tucano, que teria demonstrado um “constrangimento muito grande” e não teria comentado as interceptações.
Em maio, quando o caso foi revelado, Taques desmentiu Zaque. O tucano disse o ex-secretário não protocolou nenhuma denúncia sobre o esquema e que tratava-se de uma fraude, uma vez que o protocolo no sistema tratava de outro assunto. Segundo auditoria, o documento foi fraudado já na sede do governo e que o documento original ficou à disposição do gabinete do governador por mais de quatro horas antes de ser cancelado e vinculado a outro assunto.
PublicidadeHá suspeita de motivação política no esquema. Além de funcionários públicos, médicos, um jornalista e até ex-amante do ex-secretário da Casa Civil e primo do governador, Paulo Taques, a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), que faz oposição ao governo, também foi grampeada.