Num ato esvaziado, o PFL oficializou ontem a indicação do senador José Jorge (PE) como vice na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB). Pefelistas se revezaram nos ataques ao presidente Lula, chamado de “ladrão” pelo senador Antonio Carlos Magalhães (BA). "Temos de mostrar ao Brasil o verdadeiro Lula, não o Lula que paga publicidade na imprensa e na TV, mas o verdadeiro Lula, o Lula ladrão." ACM afirmou ainda que o "Palácio do Planalto precisa ser higienizado" nas próximas eleições e se referiu ao presidente como "doutor na roubalheira e no cinismo".
Alckmin, por sua vez, foi menos incisivo nos ataques ao presidente. Recebido ao som do "Tema da Vitória", que marcou a carreira do piloto Ayrton Senna, Alckmin encontrou um auditório praticamente vazio. A maioria dos 300 militantes já havia embora quando ele chegou.
O tucano disse que o governo gastou R$ 1,5 bilhão em publicidade de estatais e que vive de "mentira política", listando obras que, diz, não saíram do papel. Citou a rodovia Transnordestina, a transposição do rio São Francisco e o Banco Popular. "Inauguração de pedra fundamental no final de governo, obras que não têm terreno, é a mentira política reiterada."
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Logo na abertura da convenção, o presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que é preciso impedir que o presidente da República, "conivente com os corruptores, fuja do debate sobre os escândalos e crimes do seu infeliz governo".
Vice na chapa de Alckmin, José Jorge subiu o tom ao dizer que "a praga que nos aflige é a traição de um conterrâneo mal aculturado". O pefelista direcionou seu discurso para as questões do Nordeste, onde Lula lidera as pesquisas de intenção de votos. "Sou Nordeste. Não um nordestino desnaturado como Lula, quem nem ao menos respeita sua extraordinária saga emigrante."
Candidato ao governo do Distrito Federal, o deputado José Roberto Arruda comparou, sem citar nomes, Lula a um piloto de avião bêbado. Ele contava uma história na qual descobria que um "companheiro de boteco" era o piloto de um avião. "O Brasil é o avião e eu não gostaria de encontrar pilotando esse avião um antigo companheiro de boteco."
Ao chegar à solenidade, o prefeito do Rio, César Maia (PFL), criticou a divisão interna do PSDB. Na avaliação do pefelista, o PSDB consiste em dois partidos. Um é composto pelos "cardeais" de expressão nacional; o outro, pelo clero e baixo clero dos estados. O problema, diz Maia, é que ninguém articula esses dois lados.
Isso tem dificultado o acerto, nos estados, entre tucanos e aliados na eleição presidencial, segundo ele. "O problema é que agora não dá mais para costurar esse entendimento e não sabemos o quanto isso pode custar na nossa tarefa da passar para o segundo turno", afirmou.
Ele poupou o candidato Geraldo Alckmin ao avaliar que "certamente as falhas não são do candidato, que é muito disciplinado politicamente para que se atribua erros a ele", disse. "O problema é que os líderes políticos locais não têm interlocução na coordenação nacional da campanha", afirmou Maia citando seu caso como exemplo.