De acordo com o documento, um desses indícios é o volume de contribuições que o partido recebeu das empreiteiras que integram o consórcio que construiu a hidrelétrica: R$ 159,2 milhões nas eleições de 2010, 2012 e 2014. Os recursos foram repassados por nove empresas para os diretórios nacional e estaduais do partido e comitês financeiros do PMDB.
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O montante representa mais que o dobro dos R$ 65 milhões doados oficialmente pelas principais empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato à campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014.
Em delação premiada, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo disse que o consórcio que fez a obra da usina pagou suborno de 1% sobre o valor do contrato, de R$ 13,4 bilhões. Ou seja, R$ 134 milhões. Outro delator, Flávio Barra, da AG Energia, contou que boa parte da propina foi paga por meio de doações oficiais a partidos.
O ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (MS) declarou, em depoimento à Polícia Federal, que Renan, Raupp, Jader e Jucá comandavam o esquema de desvios de empresas do setor elétrico. Na época, o ministro de Minas e Energia era o também senador Edison Lobão (PMDB-MA), indicado pelo PMDB. O inquérito aponta que os quatro parlamentares citados por Delcídio receberam as maiores contribuições de suas campanhas não de empresas, mas do PMDB.
De acordo com a Folha de S.Paulo, no caso de Renan Calheiros, a conclusão da análise da PF é que as contribuições vindas do partido equivalem a 97,3% do total arrecadado quando ele se candidatou a senador em 2010. A assessoria de Renan informa que todas as doações que ele recebeu são legais e foram declaradas à Justiça.
O PMDB e os senadores citados no relatório da Polícia Federal negam ter recebido suborno por meio de doações oficiais. “O PMDB sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no país. Doações de empresas eram permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral”, afirma o partido, em nota.