A Polícia Federal prendeu hoje (23) o deputado federal eleito Juvenil Alves (PT-MG). Ele foi detido durante a Operação Castelhana, realizada para desarticular uma organização especializada em crimes financeiros. Entre os presos, estão empresários, contadores e advogados envolvidos na fraude.
Juvenil Alves, que obteve 110.651 votos nas eleições de outubro deste ano, foi preso em casa, na região centro-sul de Belo Horizonte, e levado para a sede da PF. A polícia ainda fez uma operação nos escritórios de advocacia do político, entre eles um imóvel na Avenida Pacaembu, em São Paulo.
O ex-deputado federal Avelino Costa também foi preso durante a operação, acusado de desviar mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos pelo mesmo esquema. Costa é presidente da indústria alimentícia Pif Paf, sediada em Belo Horizonte.
De 1991 a 1995 ele cumpriu mandato na Câmara pelo PL e PPR. Costa e Juvenil Alves estão entre as 13 pessoas detidas pela operação da PF em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro – oito advogados, dois contadores e três empresários.
O deputado eleito é sócio do escritório de advocacia Juvenil Alves e Associados – especializado em direito tributário – e não pode gozar do foro privilegiado por ainda não ter sido diplomado.
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A prisão temporária dos acusados valerá por cinco dias. Se condenados, cada um poderá pegar mais de 25 anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, informação falsa em contrato de câmbio, evasão de divisas, sonegação fiscal, estelionato contra a fazenda pública, formação de quadrilha e falsidade ideológica. (Ricardo Taffner)
PT suspende temporariamente deputado eleito
O diretório do PT de Minas Gerais anunciou hoje à tarde (23) que decidiu suspender "preventiva e temporariamente" a filiação do deputado federal eleito Juvenil Alves. De acordo com nota divulgada pelo partido, a decisão de suspender foi tomada por "cautela" e “reafirma surpresa com o acontecimento” com o ocorrido.
Leia a íntegra da nota
"A presidência do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais, ad referendum da Executiva, e, mediante consulta à maior parte de seus membros, à coordenação da bancada estadual e federal e ao presidente Nacional do PT, Marco Aurélio Garcia, decidiu nesta quinta-feira, dia 23/10, suspender preventiva e temporariamente os vínculos partidários do candidato a deputado federal, eleito em 2006 pelo PT, Juvenil Alves.
A suspensão se dá por cautela em face dos últimos acontecimentos envolvendo o citado candidato eleito em investigações da Polícia Federal e de acordo com o artigo 228 do Estatuto do Partido.
A Direção reafirma surpresa com o acontecimento, dada a recente filiação de Juvenil Alves ao PT, datada de setembro de 2004 e avalizada pela credibilidade e confiança de alguns membros partidários. A direção partidária tem notícia de que as investigações feitas até o momento pela Polícia Federal indicam procedimentos referentes à vida privada de Juvenil Alves".
Dossiê: PF ouve Mercadante
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) prestou depoimento à Polícia Federal hoje (23) em Brasília. Mercadante escolheu o local e a hora em que foi ouvido pelo delegado Diógenes Curado, por ser parlamentar e ter direito a foro privilegiado. Curado preside o inquérito que investiga o escândalo da tentativa de compra de um dossiê contra políticos do PSDB.
O delegado já voltou para Cuiabá e o conteúdo do depoimento do petista não foi divulgado. O senador foi ouvido como colaborador no inquérito, e não como testemunha ou envolvido no caso. Um ex-assessor de Mercadante, Hamilton Lacerda, foi citado pela PF no relatório parcial sobre escândalo do dossiê.
Em entrevista à imprensa em seu gabinete, Mercadante disse que um dia antes do depoimento de Luiz Antonio Vedoin ao Conselho de Ética do Senado (4 de setembro), ele recebeu em seu gabinete Oswaldo Bargas (ex-secretário do Ministério do Trabalho), Expedito Veloso (ex-diretor de Gestão e Risco do Banco do Brasil) e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
Segundo o senador, os dois acusados de envolvimento na tentativa de compra do dossiê pediram para que a bancada do partido pressionasse Vedoin para falar sobre as ligações do empresário Abel Pereira com os operadores da máfia das ambulâncias no Congresso.
"Hamilton Lacerda [ex-assessor de Mercadante na campanha ao governo de São Paulo] nunca tratou deste assunto comigo". A reunião de Mercadante com os "aloprados" e a senadora já tinha sido relatada pelo senador em carta enviada ao jornal Folha de S. Paulo, no dia 23 de outubro. (Lúcio Lambranho e Rodolfo Torres)
MP quer cassar mandato de governador de Goiás
O governador reeleito do estado de Goiás, Alcides Rodrigues (PL), pode ter o mandato cassado por uso eleitoral da máquina pública. O Ministério Público Federal em Goiás pediu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO) a cassação do governador e de outros 20 candidato a cargos legislativos por irregularidades, como compra de votos, uso da máquina e propaganda irregular.
O senador eleito Marconi Perillo (PSDB), o deputado federal Sandro Mabel (PL), citado no escândalo do mensalão, e o deputado federal eleito Pedro Wilson (PT), ex-prefeito de Goiânia, também estão na lista do Ministério Público.
Segundo o MP, Rodrigues e Perillo teriam feito uso do programa Renda Cidadã com finalidade eleitoral. Na campanha, o benefício, uma espécie de Bolsa Família, subiu de R$ 60 para R$ 80, e em pontos de trocas dos cartões foram encontrados santinhos da coligação PSDB/PP.
Já o deputado federal Sandro Mabel (PL) é acusado de ter utilizado publicidade de sua empresa, a fábrica de biscoitos Mabel, para fazer campanha subliminar. “Não era propaganda de bolacha, mas de ações que supostamente o habilitam ao cargo de deputado”, afirmou o procurador. O deputado federal eleito Pedro Wilson (PT) foi acusado de uso da máquina pública.