O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, disse que as instâncias superiores da PF não foram comunicadas da participação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na Operação Satiagraha. O diretor presta depoimento nesta quarta-feira (17) à Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência, que busca esclarecer informações contraditórias no episódio dos grampos ilegais em telefones de autoridades.
Segundo Corrêa, não houve nenhuma comunicação, nem mesmo, informal às instancias superiores da polícia. "Os pedidos partiam do presidente do inquérito. Maiores respostas é a razão de ser do inquérito”, disse Corrêa que pontuou ainda que “não existiu entrada clandestina de agente da Abin” nas terminações da PF.
As declarações de Corrêa foram em resposta à fala do diretor de Contra-inteligência da Abin, Paulo Maurício, que declarou que a aproximação de Protógenes Queiroz, delegado responsável pela operação, com a Abin foi profissional e autorizada pelas instâncias superiores da agência. “Não foi uma ação entre amigos. As minhas declarações, eu não tenho competência para analisar o mérito do trabalho que o delegado Queiroz conduziu. Também não cabe a mim analisar sua conduta”, disse.
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Agentes
O diretor de Contra-Inteligência confirmou ainda que 56 agentes da Abin participaram da operação deflagrada pela PF. Segundo Maurício, a participação dos agentes, solicitada pelo delegado Protógenes, deu-se de maneira escalonada. “Não passou de nove servidores em um mesmo momento. Em nenhum trabalho tiveram 56 servidores trabalhando ao mesmo tempo”, explicou Maurício. Os agentes colaboraram com a PF durante cerca de 90 dias.
O esclarecimento no total de servidores da Abin que participaram das investigações foi um dos pontos que o presidente da comissão mista, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), colocou como fundamental para o depoimento de hoje. Segundo Heráclito, as informações desencontradas – pois o diretor afastado da Abin havia dito à comissão que esse número seria cerca de seis – são “inaceitáveis”. “É inaceitável que o diretor-geral da Abin não soubesse o total de participações da equipe”, declarou.
Em resposta, o diretor-geral afastado da Abin, Paulo Lacerda, disse que estava claro que houve uma “certa confusão de números”. Segundo Lacerda, a agência nem teria pessoal suficiente para participar de uma operação da PF com tantos agentes. “Mas se necessário fosse a permanência de 52 [56] servidores solicitados pela PF diariamente, e se tivéssemos condições, seria nosso dever atender sim”, ressaltou. (Renata Camargo)