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Como mostrou o Congresso em Foco, até o nome da operação foi informado a Cachoeira por Olímpio. A ação da polícia só teve sucesso porque Cachoeira não acreditou no que Olímpio lhe contava. Em nota, o juiz negou qualquer responsabilidade dele ou de sua mulher pelo vazamento.
Bicheiro amigo de juiz avisou da operação
Tudo sobre o caso Cachoeira
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Paralelamente à investigação criminal, o próprio juiz Leão Aparecido pediu uma apuração administrativa na Corregedoria do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, que começou a ser conduzida pelo desembargador Cândido Ribeiro e agora está aos cuidados de seu sucessor no cargo, Carlos Olavo. Na quinta-feira (21) e na sexta-feira (22), Carlos Olavo passou o dia em Goiânia para trabalho rotineiro de inspeção. Mas aproveitou também para analisar o processo que envolve a polêmica na 11ª Vara.
Leão, Moreira Lima e outras pessoas já foram ouvidas por Ribeiro no processo. O Congresso em Foco apurou que Olavo pretende entregar o resultado da investigação esta semana. Na quarta-feira, Cândido Ribeiro contou que a existência do vazamento deixou ruim a relação entre os juízes Leão e Moreira Lima, mas ele entendia não ter havido qualquer participação de magistrados na violação de sigilo.
Como mostrou o site, a quadrilha de Cachoeira foi informada por Olímpio Queiroga do nome da Operação, da Vara onde ela se encontrava, do nome do juiz e das citações ao senador Demóstenes Torres. Porém, o bicheiro não acreditou em Olímpio. Preferiu confiar em suas fontes mais próximas da PF, o ex-sargento e araponga Idalberto Matias, o Dadá; o delegado da PF Fernando Byron, e numa certidão negativa que atastava não haver processos judiciais abertos contra ele na Justiça Federal de Goiás.
Grampos de rádios Nextel
Nas gravações da Polícia Federal, Olímpio diz a Dadá em determinado momento que sua fonte seria “uma mulher da Justiça”. Além de negar sua própria responsabilidade, o juiz Leão descarta a possibilidade de que, ao contrário do que diz o bicheiro na conversa gravada, a origem da informação que obteve tenha sido mesmo algum funcionário da Justiça Federal.
Para Leão, a prova disso seria o fato de a quadrilha de Cachoeira continuar confiando que a polícia não conseguia grampear os rádio-celulares Nextel habilitados nos Estados Unidos. E que julgavam, assim, que suas conversas não estavam sendo acompanhadas. “Essas duas informações eram do conhecimento dos servidores da 11ª Vara”, disse Leão na nota, argumentando que, se a fonte fosse alguém da Justiça, a quadrilha também iria ficar sabendo, assim, dos grampos nos aparelhos Nextel.
Há, porém, uma conversa grampeada, obtida pelo Congresso em Foco, que mostra, ao contrário do que argumenta Leão, que a quadrilha estava, pelo menos, preocupada com a possibilidade de os rádio-celulares não serem assim tão seguros como imaginavam. No dia 14 de fevereiro, Cachoeira conversa com o delegado Fernando Byron e pergunta se ele já tinha resposta sobre uma consulta que fizera sobre a possibilidade de grampo nos Nextel. “Aquele negócio lá de Brasília vocês… eles não devolveram a resposta, não?”, pergunta Cachoeira, às 12h16. “Com relação àquele negócio do rádio, não. Mas eu tô achando que eles vão demorar pra responder”, esclarece Byron, que promete buscar mais explicações na PF e depois repassar tudo a Cachoeira. O analista da PF resume o diálogo assim: “Carlos questiona sobre a possibilidade de monitoramento dos rádios”.
“Ficou de avisar”
Em uma outra conversa, já divulgada, Cachoeira diz a um interlocutor que esperava a volta de Leão Aparecido à 11ª Vara para obter informações mais confiáveis sobre o que ali acontecia. Segundo informou ao Congresso em Foco o desembargador Cândido Ribeiro, Leão ficou fora da Vara em janeiro deste ano e em alguns dias de fevereiro. A conversa em que Cachoeira menciona o juiz Leão foi no dia 7 de fevereiro. O bicheiro diz ao interlocutor que o juiz voltará dia 14 e vai poder ajudar a confirmar algum problema para o grupo. “Dia 14, o Leão assume a Vara, e ele ficou de avisar se vai ter prisão ou não”, afirmou o bicheiro.
Na nota, Leão Aparecido afirma que o confronto entre o que diz Cachoeira e o que de fato aconteceu prova sua inocência. “Se eles foram presos, significa que ela [a pessoa acusada, o juiz] não avisou”, disse o magistrado. As prisões aconteceram em 29 de fevereiro.
“Além disso, em depoimento à Polícia Federal, minha esposa negou que tivesse prometido informações a José Olímpio. Esse fato foi confirmado por José Olímpio em declaração entregue à autoridade policial federal”, continua o juiz.
Filhos na mesma escola
Leão disse que os registros telefônicos de sua esposa foram quebrados. As contas de Maria do Carmo Alves mostram ligações para telefones registrados em nome de parentes de Carlinhos Cachoeira. Mas o juiz diz que tudo não passou de engano.
Na nota, ele afirma que seu filho estuda com o filho de Cachoeira na mesma sala de aula há cinco anos. Ambos têm telefones celulares. O do filho do juiz está em nome de Maria do Carmo. Os do filho de Cachoeira, em nome dos parentes e funcionários do bicheiro. De acordo com Leão, “em não raras ocasiões”, seu filho emprestou o celular do filho de Cachoeira para falar com Maria do Carmo. “As conversas mantidas pelo meu filho e pelo filho do sr. Carlos Cachoeira, com o uso desses aparelhos, foram, de forma apressada e irresponsável, apresentadas como prova de que eu ou minha mulher teríamos mantido contato com integrantes da suposta quadrilha”, afirma o magistrado na nota.
Leão lamentou não existirem gravações das conversas, pois os grampos comprovariam o que ele está dizendo agora. Porém, ele afirmou inexistirem conversas dele e de sua esposa com o amigo Olímpio Queiroga. Leão admitiu que Maria do Carmo telefonou, sim, várias vezes para a irmã de Queiroga, madrinha de batismo do filho do casal. Na nota, o juiz não menciona sua amizade com o próprio Olímpio Queiroga, mas ela foi alegada por ele como impedimento para assumir a Operação Monte Carlo.