A Polícia Federal (PF) suspeita que a Odebrecht realizou uma reforma na piscina do Palácio da Alvorada durante o segundo mantado do ex-presidente Lula. Esta seria mais uma troca de favores entre o petista e a empreiteira. De acordo com informações divulgadas na manhã deste domingo (13) pela Folha, não existiu contrato entre a empresa e o governo, e a obra não teve registro público. As apurações sobre a revitalização da piscina começaram após a análise de mensagens trocadas entre o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, e executivos investigados pela Operação Lava Jato, em 2008.
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Lula já responde a três inquéritos sobre favores e pagamentos que ele recebeu de empreiteiras ligadas à operação após ele deixar o governo, como o tríplex em Guarujá. Agora, os indícios reforçam a tese de que esses favores podem ter sido recebidos também durante seu governo, “quando os negócios das empreiteiras receberam impulso do governo no Brasil e no exterior”, detalha a reportagem.
“Documentos aos quais a Folha teve acesso confirmam que uma reforma foi realizada na piscina do Alvorada na época das mensagens encontradas pela polícia. Funcionários da Presidência da República e pessoas ligadas à Odebrecht confirmaram à reportagem que a empreiteira fez a obra sem contrato. […] De acordo com a legislação, obras e serviços de pequeno porte como essa podem ser realizadas por empresas contratadas por convite ou outras modalidades simplificadas de licitação pública, mas não podem ser realizadas sem contrato”, destaca a Folha.
Na troca de mensagens encontradas pela PF nos computadores da Odebrecht, em 1º de abril de 2008, Marcelo perguntou ao então presidente da construtora do grupo, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, se “o trabalho das pedras foi bem concluído”. O ex-presidente da empreiteira explicou ainda que precisava saber porque seu pai, Emílio Odebrecht, se encontraria com o “amigo”: “Meu pai vai estar com o amigo hoje. O trabalho das pedras foi bem concluído? Qual ficou sendo a solução final?”, escreveu Marcelo.
PublicidadeInformações reveladas pela operação já ligaram o apelido “amigo” como o termo usado entre os executivos da empreiteira para fazer referência ao ex-presidente Lula. Executivos que negociam delação confirmam o apelido. ‘”Um mês antes, Marcelo havia recebido e-mail de sua secretária afirmando que um executivo da Vale, Carlos Anisio Figueiredo, morto em 2013, tinha ‘urgência em lhe falar sobre a colocação de granito na piscina em Brasília’ e perguntando se podia encaminhar o assunto a Benedicto Júnior. Marcelo, hoje preso em Curitiba, consentiu, mas demonstrou preocupação em evitar que o envolvimento da Odebrecht com a reforma se tornasse público”, detalhou a reportagem.
Ainda segundo a matéria veiculada neste domingo (13), até o início desta manhã a assessoria de imprensa do ex-presidente Lula não se manifestou sobre a suspeita de que a Odebrecht realizou obras de revitalização da piscina do Alvorada.