A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Lula pelo crime de corrupção passiva por contratos feitos por um sobrinho de sua ex-mulher com a Odebrecht em Angola. A suspeita é de que as transações tenham envolvido o pagamento de R$ 20 milhões em propina por meio da empresa Exergia, de Taiguara Rodrigues, que se apresentava como sobrinho do ex-presidente. As informações são do site da revista Época.
A PF concluiu que os contratos só foram fechados devido à relação de parentesco por afinidade entre Lula e Taiguara e do petista com a Odebrecht. Além dos dois, também foram indiciados sete executivos da empreiteira, incluindo Marcelo Odebrecht, todos por corrupção e lavagem. As investigações fazem parte da Operação Janus, que devassou contratos da empreiteira com a Exergia. Segundo os investigadores, Lula era tratado nas mensagens interceptadas como “tio”, “presidente” e “chefe maior”.
Segundo Época, uma das provas apreendidas pela PF em maio era uma espécie de diário no computador de Taiguara, em que ele relata ter se encontrado com o “tio” em Brasília, em 2009, quando Lula era presidente, e que recebeu “carta branca” para os negócios em Angola. Em seguida, prossegue a reportagem, o empresário conseguiu contrato com a Odebrecht em obras financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
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Ao todo, a empresa de Taiguara fechou 16 contratos com a empreiteira. Para a PF, ainda de acordo com Época, a empresa foi criada apenas para receber dinheiro da Odebrecht, sem prestar serviços. Não havia outros clientes ou indícios de qualquer serviço executado.
A defesa do ex-presidente ainda não se manifestou sobre o assunto. A defesa de Taiguara não foi localizada pela reportagem. O empresário é filho de um irmão da primeira mulher do ex-presidente, já falecida.
Leia a íntegra da reportagem de Época
Atualmente Lula responde a dois processos na Justiça. No último dia 20, o juiz Sérgio Moro, que comanda a Operação Lava Jato na Justiça Federal, aceitou denúncia por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro contra o ex-presidente e outras sete pessoas.
Além do petista, Moro acatou também as denúncias contra a esposa de Lula, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empresário Léo Pinheiro e o ex-diretor Paulo Gordilho, da OAS, além de Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Fábio Hori Yonamine, Roberto Moreira Ferreira, funcionários da empreiteira.
A denúncia sustenta que Lula, ao todo, recebeu R$ 3,7 milhões em propina da empreiteira OAS. Deste montante, segundo o MPF, R$ 1,1 milhão são do tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), outros R$ 926 mil referente a reformas no imóvel, R$ 342 mil para instalação de cozinha e outros móveis personalizados, além de R$ 8 mil para a compra de fogão, micro-ondas e geladeira. Ainda são somados a este valor, R$ 1,3 milhão pago pela OAS ao ex-presidente para armazenar bens em um depósito.
Esta é a segunda denúncia aceita contra o ex-presidente. Em julho, Justiça Federal aceitou outra denúncia do Ministério Público Federal do Distrito Federal contra Lula, o ex-senador Delcídio do Amaral e outros cinco acusados por tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava Jato.
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