Para a Polícia Federal, há mais servidores do Ministério da Saúde envolvidos no escândalo dos sanguessugas. Até agora, apenas três servidores do órgão foram afastados, entre eles Maria da Penha Lino. Segundo reportagem de O Estado de São Paulo, assinada pelos repórteres Sérgio Gobetti e Sônia Filgueiras, o diretor do Fundo Nacional de Saúde (FNS), José Menezes Neto, e o Coordenador de Acompanhamento de Prestações de Contas em Brasília, Luis Carlos Cury, são tratados como íntimos pela quadrilha nas escutas telefônicas realizadas pela PF.
Os grampos telefônicos sugerem que Menezes era um dos que recebiam propina por participar do esquema. Em conversa com Maria da Penha, em dezembro, o deputado Lino Rossi (PP-MT) diz que estava "perdendo as emendas de Cuiabá, no valor de R$ 1 milhão", mas já conversava com Menezes "para operar uma mudança".
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Segundo a reportagem, Rossi era um dos principais braços parlamentares em Mato Grosso da empresa Planam, que montava ambulâncias para vender de forma superfaturada à prefeituras. O deputado já reconheceu como sua a voz captada pelos grampos da PF.
Já Luis Carlos Cury é citado nos grampos em conversa entre Penha e Estela, funcionária da Planam. Estela reclama que o prefeito de Sonora (MS), Zelir Antônio Maggioni (PMDB), teve sua prestação de contas da compra de ambulância contestada pelo Ministério da Saúde. Penha responde que o prefeito poderia fazer um ofício a Cury, pedindo sua intervenção no caso e ela se encarregaria de entregá-lo.
Cury e Menezes foram avisados pela assessoria de que o Estadão buscava esclarecimentos, mas não retornaram a ligação.
O MS não tomou nenhuma atitude
A reportagem traz que, apesar das evidências contra servidores, o ministério não tomou até agora nenhuma atitude além de afastar os três funcionários presos pela PF. A assessoria do ministro Agenor Alves da Silva alega que nenhuma informação da PF chegou ao órgão e, portanto, ele não pode se pronunciar.
Para alguns procuradores, o silêncio do ministério pode estar relacionado ao envolvimento do PMDB – partido do atual e do ex-ministro – no escândalo. Penha, por exemplo, foi chamada para o cargo, em agosto de 2005, pelo então ministro e atual deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG). Antes disso, ela trabalhava para a Planam.
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