A Polícia Federal tem novas suspeitas sobre a atuação do ministro Paulo Medina, afastado temporariamente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde ontem. Segundo a PF, além do envolvimento com a máfia dos caça-níqueis, ele teria negociado sentenças em pelo menos outros dois casos.
Com o intermédio do irmão, Virgílio Medina, Paulo teria se reunido com advogados de um banco que respondia a processo no STJ. De acordo com gravações da PF, o encontro foi marcado por Virgílio, que garantiu a presença de Paulo. A sentença do STJ foi favorável ao banco.
Em outro processo, o réu era o delegado Edson Oliveira, responsável pela prisão do tesoureiro da campanha de Fernando Collor à presidência em 1989, Paulo César Farias. Acusado de corrupção, ele teria recorrido ao ministro Medina para garantir um julgamento que o favorecesse. A negociação teria sido feita com o intermédio de outros dois juízes.
O advogado do ministro nega que ele tenha se encontrado com representantes do banco e garante que Virgílio Medina não tinha a autorização de Paulo para marcar reuniões em seu nome.
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Depoimentos
PublicidadeHoje, Virgílio Medina deve prestar depoimento à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6ª Vara Federal Criminal do Rio, sobre seu envolvimento com a máfia investigada pela Operação Hurricane. Além dele, a previsão é que sejam ouvidos Luiz Paulo Dias de Mattos e Nagib Teixeira Sauid.
Eles são acusados de terem ligação com casas de bingo suspeitas de lavar dinheiro para a compra de setenças em favor da máfia. A PF acusa Virgílio de ter intermediado a compra de uma liminar que liberou 900 máquinas caça-níquel apreendidas em Niterói (RJ). A ordem judicial foi concedida por Paulo Medina e teria sido vendida por R$ 600 mil.
Além de Virgílio, Luiz Paulo e Nagib, apenas outros dois acusados ainda não prestaram depoimento. João Oliveira de Farias e Marcelo Kalil Petrus devem ser ouvidos na segunda-feira.
Durante a semana passada, Ailton Guimarães Jorge (Capitão Guimarães), Aniz Abraão David, Antonio Petrus Kalil (Turcão), José Renato Granado Ferreira, Paulo Roberto Ferreira Lino, que negou qualquer relação com a máfia dos caça-níqueis, e Júlio César Guimarães Sobreira, que não respondeu a nenhuma pergunta prestaram depoimento à juíza.
Na segunda-feira, ela ouviu mais três acusados: Belmiro Martins Ferreira, Licínio Soares Bastos e Laurentino Freire dos Santos. Belmiro disse em depoimento que a sua empresa, a Betec, tem cerca de 1.000 máquinas de caça-níqueis. Bastos e Santos admitiram ter tido relação com casas de bingo.
Na quarta-feira falaram José Luiz da Costa Rebello, Ana Cláudia Rodrigues do Espírito Santo e Jaime Garcia Dias. Acusado de ser o articulador de compra das sentenças judiciais, Jaime Dias permaneceu calado durante o depoimento. Rebello e Ana Cláudia negaram participar do esquema de corrupção.
Ontem foram ouvidos Evandro da Fonseca, Silvério Nery Cabral Jr. e Sérgio Luzio Marques de Araújo.
Os 17 acusados pela Operação Hurricane que não têm direito a foro especial estão presos no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar, em Benfica, até o final dos depoimentos. Depois, segundo a Justiça, devem ser transferidos para Campo Grande. Os magistrados envolvidos foram libertados por decisão do STF no final do mês de abril (leia). (Carol Ferrare)
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