Rodolfo Torres
Ao lado de valores que totalizam US$ 345 mil, o nome do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), aparece numa planilha encontrada pela Polícia Federal na casa de um dos executivos da construtora Camargo Corrêa, Pietro Bianchi.
O nome do peemedebista aparece 21 vezes, entre 9 de outubro de 1996 e 28 de dezembro de 1998. Nos três primeiros lançamentos, ele teria recebido US$ 50 mil assim distribuídos: US$ 30 mil em 9 de outubro; US$ 10 mil (que teriam sido repassados no dia 12 de novembro de 1996); e outros US$ 10 mil (no dia 23 de dezembro daquele ano).
Em 1997, quando ocupou a presidência da Câmara pela primeira vez, o nome de Temer é citado oito vezes: entre 25 de março a 23 de dezembro. O valor correspondente ao período é de US$ 75 mil.
Em 1998, os registros são de 16 de fevereiro até 28 de dezembro. Em dez vezes, US$ 220 mil foram registrados na planilha. Apenas em 25 de agosto daquele ano, o valor registrado foi de US$ 90 mil.
Por sua vez, Temer reagiu com indignação. Ao portal iG, o parlamentar paulista afirmou: “Trata-se de uma infâmia das mais degradantes, colocarem meu nome em um papel apócrifo que passa a ser tratado como documento. Nunca tive nenhum pedido da Camargo Corrêa para intervir em alguma obra, não conheço quase ninguém da Camargo Corrêa e não recebi absolutamente nada a não ser uma contribuição oficial na última campanha de R$ 50 mil, que foi declarada à Justiça Eleitoral”.
As 54 folhas também trazem nomes de autoridades e servidores de tribunais de contas, prefeituras, governos estaduais e autarquias. Entre 1995 e 1998k, teriam sido pagos R$ 382,6 milhões.
A planilha foi apreendida durante a Operação Castelo de Areia, realizada no início do ano. Junto ao Ministério Público, a operação investigou eventuais crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e caixa dois para financiar partidos políticos, que teriam sido cometidos pela empreiteira. O material está em poder da Justiça.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, a Camargo Corrêa informa que desconhece o documento. Por meio de seus advogados, entre eles o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, a construtora destaca que não teve acesso às planilhas que a PF encontrou.
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