A Polícia Federal desmentiu nesta sexta-feira (27) o depoimento do padeiro Agnaldo Henrique Lima, que afirmou ter repassado R$ 250 mil em espécie a Hamilton Lacerda, ex-assessor da campanha de Aloízio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo. Lacerda é acusado de transportar, para um hotel na capital paulista, os R$ 1,7 milhão que seriam usados na compra do dossiê contra candidatos do PSDB.
A PF estuda pedir, ainda hoje, a prisão preventiva de Agnaldo. Desde que o depoimento foi contestado pelos agentes, ele desapareceu de Varginha (MG), onde mora. O padeiro será indiciado por falsio testemunho e pode pegar até seis anos de cadeia.
Os agentes chegaram à testemunha por Rosely Souza Pantaleão, secretária-executiva do PSDB em Pouso Alegre (MG). Ela intermediou o contato de Agnaldo com alguns jornalistas da região, que gravaram uma entrevista em vídeo e o acompanharam até a sede da PF, onde ele daria um depoimento revelador sobre a origem do dinheiro do dossiê. Rosely afirmou não saber que a história era fantasiosa. A polícia investiga agora se houve interesse eleitoral no episódio.
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No vídeo, divulgado ontem por vários telejornais, Agnaldo conta ter emprestado sua conta bancária ao patrão, o produtor de eventos Luiz Armando Silvestre Ramos, que teria depositado R$ 80 mil em dinheiro, além de R$ 170 mil em cheque, e feito dois saques que somariam R$ 250 mil.
A testemunha disse que acompanhou Armando até São Paulo, onde o dinheiro foi entregue a um homem. Ele conta que, só depois de ver reportagens sobre o escândalo do dossiê na televisão, percebeu que o tal homem era Lacerda. A versão foi mantida no depoimento à PF.
Os agentes consideraram a história interessante e decidiram investigá-la. Eles pediram o cartão bancário da testemunha para checar se os saques haviam sido feitos. O padeiro alegou que estava sem o cartão e prometeu entregar no dia seguinte os extratos bancários para comprovar a transação, mas não o fez.
Desconfiados, os agentes foram até o banco de Agnaldo e falaram com o gerente. Ele afirmou que os saques não ocorreram e que não houve movimentação vultosa na conta do padeiro. "A história é inconsistente e não se mostrou verdadeira", disse o superintendente da PF em Cuiabá, Daniel Lorenz.